Data de publicação: 17-06-2025 21:21:00 - Última alteração: 17-06-2025 23:55:09

Saberes do Rosário se torna Patrimônio Cultural do Brasil

Jornal Diário de Contagem On-Line
 Comunidade Quilombolas dos Arturos na Festa do Rosário, em Contagem

Foto: Robson Rodrigues

O registro no Livro dos Saberes do Iphan reconheceu oficialmente nesta terça-feira (17), os Reinados, as Guardas de Congos e Moçambiques, e outras manifestações de matriz afro-brasileira como forma de valorizar a ancestralidade.

A decisão foi aprovada por unanimidade durante a 109ª reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), realizada on-line.

O reconhecimento mantém vivas em Minas Gerais, Goiás e São Paulo, grupos que, há séculos, atualizam as tradições por meio da fé católica popular, da música, da dança, da oralidade e da organização comunitária. 

O presidente do Iphan, Leandro Grass, celebrou a conquista, após 17 anos de espera: “É um ato de reparação histórica e de justiça social”.

 
Foto: Mariana Alves/Iphan

Tradições que resistem e unem

As celebrações envolvem cortejos, alvoradas, rezas, missas e a coroação simbólica de reis e rainhas do Congo, entre outras práticas de forte valor simbólico e social. 

São saberes preservados e transmitidos por mestres, mestras, lideranças e comunidades tradicionais que constroem, a cada geração, espaços de resistência ao racismo e de afirmação da identidade negra brasileira.

Responsável pela relatoria do processo, a historiadora Alessandra Ribeiro Martins, mestra e integrante da Comunidade Jongo Dito Ribeiro (Campinas-SP), destacou que essas expressões representam “um modo de vida ancestralizado, que expressa as habilidades dos povos negros para a resistência cultural, a negociação e a produção de comunidades afetivas”.


Guarda de Congo Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia do Alto da Cruz, em Ouro Preto

Diversidade de expressões e riqueza cultural

O conjunto de saberes reconhecido pelo Iphan inclui moçambiques, congos, catopês, marujos, caboclos, tamborzeiros, pifeiros e demais grupos rituais que atuam nos chamados reinados ou tronos coroados. 

Essas manifestações, embora variem em forma e estilo, compartilham a mesma raiz: a devoção ao Rosário e a celebração da ancestralidade africana.

“A força desse bem cultural está na sua abrangência territorial, na longevidade histórica e na diversidade de expressões que o tornam único”, reforçou Alessandra durante a votação.

 
Salvaguarda e compromisso

Com o registro aprovado, o Iphan agora se compromete a desenvolver planos de salvaguarda para garantir a preservação e valorização do bem. O presidente Leandro Grass assegurou que essa é uma prioridade da gestão. 

“Estamos comprometidos com os patrimônios culturais afro-brasileiros e indígenas, reconhecendo e recuperando saberes e tradições que formam nossa identidade nacional”, disse.

Além do novo registro, o Conselho do Iphan também aprovou a revalidação de três bens culturais imateriais: a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty, os Saberes e Práticas das Bonecas Karajá e do Ritxòkò, e a produção tradicional da Cajuína no Piauí. 

A revalidação é um processo periódico que avalia a vitalidade e a continuidade das manifestações já reconhecidas.


Foto: Mariana Alves/Iphan

Representantes da Comunidade Quilombolas dos Arturos também participaram da reunião do Iphan. A comunidade de Contagem está no documentário que faz parte do processo de Registro dos Saberes do Rosário como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. 

Fonte: Iphan
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