Protesto contra o assassinato de jornalistas em Gaza - Federação Internacional de Jornalistas/X
Segundo a emissora Al Jazeera, que prestou homenagem às vítimas, a morte de profissionais é uma grave violação da liberdade de imprensa. O ataque aéreo israelense por drone, aconteceu domingo (10), na Faixa de Gaza
Cerimônias e imagens emocionantes marcam dias de luto na imprensa palestina. Entre os mortos estão o proeminente repórter Anas Al Sharif e Tamara Al-Dahdouh, filho de um dos principais correspondentes da emissora. Israel alega vínculos com o Hamas, mas a rede e familiares rejeitam as acusações.
A rede de televisão Al Jazeera viveu duas das semanas mais sombrias de sua história. Em menos de sete dias, sete jornalistas ligados à emissora foram mortos em ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza.
A ONU classificou a ação como “violação grave” contra a liberdade de imprensa, enquanto a rede acusa Israel de assassinatos deliberados.
O caso mais recente ocorreu neste domingo (10), quando cinco jornalistas, inclusive o repórter de destaque Anas Al Sharif, de 28 anos, e um assistente morreram após um bombardeio próximo a uma tenda montada perto do Hospital Al Shifa, no leste da Cidade de Gaza. O ataque, condenado por organizações de direitos humanos.
Segundo o Exército israelense, Al Sharif liderava uma célula do Hamas e teria participado de ataques com foguetes contra civis israelenses e tropas das Forças de Defesa de Israel (IDF).
A acusação se baseava em informações de inteligência e documentos apreendidos em Gaza, mas nenhuma prova foi divulgada. A Al Jazeera, financiada pelo governo do Catar, negou as alegações e destacou que o próprio jornalista já havia refutado as acusações em vida.
Durante a homenagem transmitida ao vivo, a apresentadora Salma Al-Jamal declarou: “Expressamos nossa gratidão e lealdade aos nossos colegas martirizados e confirmamos que seguimos firmes em nosso profissionalismo”.
Enquanto funcionários exibiam fotografias dos colegas mortos, o diretor de notícias da rede, Assef Hamidi, afirmou: “O assassinato de jornalistas não impedirá a divulgação dos fatos e das palavras”.
Além de Al Sharif, morreram no ataque Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e outro profissional ainda não identificado oficialmente.
Um sexto jornalista, o freelancer Mohammad Al-Khaldi, também perdeu a vida no local. Autoridades do Hospital Al Shifa informaram que outras duas pessoas foram mortas no bombardeio.
Dias antes, no domingo (7), outro ataque aéreo contra um carro próximo a Rafah, no sul de Gaza, matou os freelancers Tamara Al-Dahdouh e Mustafa Thuria, e feriu Hazem Rajab.
Tamara era filho de Wael Al-Dahdouh, principal correspondente da Al Jazeera em Gaza, que já havia perdido a esposa, outro filho, uma filha e um neto em bombardeios anteriores.
Vídeos divulgados por canais ligados à emissora mostraram Wael chorando sobre o corpo do filho no necrotério. Após o enterro, prometeu seguir no trabalho jornalístico: “Todo o mundo precisa ver o que está acontecendo aqui”.
A rede acusou Israel de “crimes hediondos” contra a imprensa e pediu ao Tribunal Penal Internacional, governos, organizações de direitos humanos e à ONU que responsabilize o país.
As Forças de Defesa de Israel não responderam às acusações sobre esse caso específico, mantendo a posição de que não têm jornalistas como alvos deliberados.
A guerra entre Israel e Hamas, iniciada em 7 de outubro de 2023, é considerada o conflito mais mortal para jornalistas em décadas. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) contabiliza ao menos 186 profissionais mortos em quase dois anos, sendo a maioria palestinos.
O governo de Gaza, controlado pelo Hamas, fala em mais de 109 jornalistas mortos apenas pela ofensiva israelense.
Entre as vítimas do conflito está o libanês Issam Abdallah, da Reuters, morto em 13 de outubro de 2023 por disparos de artilharia israelense enquanto registrava imagens na fronteira com o Líbano, segundo investigação da própria agência.
Fonte: CNN e Agência Brasil