Foto: Bruno Henrique/IgesDF
Celebrado nesta sexta-feira (29), o Dia Nacional de Combate ao Fumo reacende o debate sobre os perigos do tabaco e, principalmente, sobre o avanço do consumo de cigarros eletrônicos no país.
Apesar da queda histórica no número de fumantes tradicionais, o tabagismo continua sendo responsável por 85% dos casos de câncer de pulmão no Brasil. Ao mesmo tempo, médicos e autoridades de saúde se preocupam com o aumento do uso de vapes entre os jovens.
De acordo com a pesquisa Vigitel 2023, realizada pelo Ministério da Saúde, 2,1% da população já usou cigarros eletrônicos, número que sobe para 6,1% entre jovens de 18 a 24 anos.
Estima-se que 4 milhões de brasileiros já experimentaram os dispositivos, mesmo com a comercialização proibida pela Anvisa desde 2009.
Risco disfarçado em vapor
Os cigarros eletrônicos, também chamados de vapes ou pods, liberam altas concentrações de nicotina, além de metais como níquel e alumínio e substâncias cancerígenas formadas pelo aquecimento de solventes.
“Recebemos cada vez mais jovens com pulmões comprometidos por inflamações graves. Muitos acreditam que o cigarro eletrônico é inofensivo, mas vemos justamente o contrário. É um risco silencioso e perigoso”, alerta a pneumologista Izabel Diniz, do Hospital de Base do Distrito Federal.
O relato de João Alves (nome fictício), de 20 anos, ilustra a preocupação. Ele começou a usar vape aos 17, acreditando que seria inofensivo, e hoje trata uma bronquite crônica.
“Achei que era só diversão, mas se tornou um vício e trouxe consequências que vou carregar para sempre”, afirma.
Impacto global e brasileiro
Nos Estados Unidos, uma epidemia de lesões pulmonares associadas ao uso de vapes resultou em 2,5 mil internações e cerca de 60 mortes entre 2019 e 2020. No Brasil, o Ministério da Saúde já notificou casos graves desde o ano de 2020.
“O cigarro, seja industrializado, de palha, narguilé ou eletrônico, expõe o pulmão a milhares de substâncias tóxicas e cancerígenas. A falsa ideia de que o cigarro eletrônico faz menos mal ameaça retroceder décadas de avanços conquistados contra o tabaco”, reforça a pneumologista Izabel Diniz.
Câncer de pulmão em números
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que o país registre cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano entre 2023 e 2025, sendo aproximadamente 32 mil de pulmão, um dos tipos mais letais, atrás apenas dos tumores de mama, próstata e colorretal em ocorrências.
Para Izabel Diniz, o alerta é claro: “O que está em jogo é a saúde das próximas gerações. Precisamos informar, educar e fiscalizar, evitando que o cigarro eletrônico comprometa o futuro conquistado com a redução do tabagismo tradicional.”
Fonte: Agência Brasília