Atingidos pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 25 de setembro de 2025, no ato organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), em Belo Horizonte.
Fotos: Instituto Guaicuy
Galeria de fotos
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Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a paralisação da assessoria técnica independente e a demora da Justiça, agravam a crise humanitária nas regiões impactadas pela tragédia.
A MAB afirma que mais de 100 mil pessoas atingidas pelo crime da Vale em Brumadinho vivem um novo ciclo de sofrimento e insegurança.
A paralisação da Assessoria Técnica Independente (ATI) prestada pela Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), ameaça interromper os serviços de informação, acompanhamento e reparação social das comunidades.
A entidade, que atua em seis municípios atingidos, enfrenta a demissão de mais de 100 técnicos por falta de repasses e colaboração das Instituições de Justiça responsáveis pela condução do processo de reparação.
Com o enfraquecimento da ATI, direitos fundamentais dos atingidos ficam comprometidos, como o acesso à informação e a participação nas decisões sobre as medidas reparatórias.
O cenário é ainda mais grave diante do fim do Programa de Transferência de Renda, que garantia condições mínimas de sobrevivência a cerca de 164 mil pessoas, incluindo famílias que dependiam do benefício para combater a fome, manter tratamentos de saúde e reconstruir suas vidas.

Justiça lenta, sofrimento crescente
Desde março deste ano, os atingidos aguardam a efetivação do auxílio emergencial previsto na Política Nacional dos Atingidos por Barragens (Lei 14.755/2023).
A medida, que chegou a ser concedida em primeira instância, foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e aguarda julgamento há mais de seis meses.
Se aprovada, poderia beneficiar milhares de famílias que vivem às margens do Rio Paraopeba, da Represa de Três Marias e no próprio município de Brumadinho.
Enquanto isso, cresce a sensação de abandono. Técnicos da Aedas relatam que, sem o trabalho de assessoria, processos de reparação socioeconômica ficarão paralisados, comunidades perderão o suporte jurídico e social, e as ações de monitoramento ambiental e saúde pública correm o risco de serem interrompidas.

Mobilização e luta nas ruas
Diante desse quadro, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) articula uma Jornada de Lutas com protestos em diversas cidades mineiras, para exigir a continuidade da assessoria técnica e o pagamento imediato dos auxílios.
As manifestações devem começar ainda em outubro, com ações em Belo Horizonte e outras cidades da região metropolitana.
O ponto alto da mobilização será no dia 5 de novembro de 2025, data simbólica que marca dez anos do rompimento da barragem da Vale em Mariana e sete anos da tragédia em Brumadinho.
O movimento promete um grande ato unificado para denunciar os retrocessos na reparação e cobrar responsabilidade da mineradora e do Estado.

Um novo capítulo de injustiça
Para as comunidades atingidas, a suspensão da assessoria e o fim da renda emergencial representam um duplo castigo, a perda do sustento e da voz. Sem a Aedas, milhares de famílias ficam desamparadas em meio a uma reparação que ainda não foi concluída.
Enquanto isso, o medo de um colapso social e humanitário cresce nas cidades que ainda convivem com as consequências da lama, da destruição ambiental e da negligência institucional.
A reporagem do DC Online questionou ao TJMG sobre os processos de reparações dos atingidos. Aguardamos retorno para acrescentar a matéria.

Serviço
Jornada de Lutas dos Atingidos pelo Crime da Vale
Início: Outubro de 2025
Ações em Belo Horizonte e municípios atingidos entre Brumadinho e Três Marias
Ato principal: 5 de novembro de 2025 – marco de 10 anos do crime em Mariana e 7 anos do crime em Brumadinho
Mais informações: Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) – www.mab.org.br
Fonte: Assessoria de imprensa
Diário de Contagem – jornalismo comprometido com justiça social e direitos humanos.