Foto: Pedro Rafael/Agência Brasil
O ato repudia o corte do sinal da TV Câmara, a retirada forçada de profissionais de imprensa e a violência da Polícia Legislativa, na manhã da quarta-feira (10/12). A ABI anunciou ações judiciais contra o presidente Hugo Motta.
Jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos e assessores de imprensa realizaram na manhã da quarta-feira (10/12), um ato na Câmara dos Deputados para denunciar censura, agressões e restrições ao trabalho da imprensa ocorridas na noite de terça-feira (9/12).
O protesto, realizado nos corredores e áreas de acesso ao plenário, reuniu profissionais de diversos veículos em defesa da liberdade de expressão e contra a violência praticada pela Polícia Legislativa.
Causas e efeitos
O estopim do ato foi o episódio registrado durante a retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da cadeira da presidência da Casa. O parlamentar protestava contra a possível cassação do próprio mandato.
No momento da ação, o sinal da TV Câmara, que transmitia a sessão ao vivo, foi cortado imediatamente, o que impediu a população de acompanhar o que acontecia no plenário.
Em seguida, jornalistas foram expulsos do local por policiais legislativos, que também impediram registros fotográficos e em vídeo.
Relatos e gravações feitas por profissionais mostram policiais aplicando puxões, empurrões, cotoveladas e impedindo o trabalho da imprensa.
Alguns jornalistas precisaram de atendimento médico após as agressões.
Reações
Em nota divulgada nesta quarta-feira (10/12), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), condenou o episódio e anunciou que vai ingressar com ações judiciais contra o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Segundo a entidade, houve violação clara da liberdade de imprensa, agressões físicas e abuso de autoridade. A ABI informou que tomará três medidas imediatas:
- Representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) por crime de responsabilidade e violação da liberdade de imprensa;
- Denúncia à Relatoria Especial para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH/OEA);
- Representação na Comissão de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar.
Presidente desconversa
Uma comissão formada por representantes da imprensa tentou se reunir com o presidente da Câmara, mas Hugo Motta não compareceu. A conversa foi conduzida apenas por uma assessora enviada pelo parlamentar.
Repercussão e posicionamento
Após intensa repercussão negativa nas redes sociais, Motta afirmou que determinou a “apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa”, evitando citar diretamente o corte do sinal da TV Câmara ou a ação da Polícia Legislativa.
O episódio elevou a tensão entre a imprensa e a presidência da Casa, reacendendo o debate sobre transparência, controle institucional e garantias constitucionais para o livre exercício do jornalismo no parlamento brasileiro.
Fonte: Agência Brasil

