Foto: Ricardo Lima

Na manhã desta quarta-feira (14/01), os moradores da Comunidade dos Arturos, no bairro Jardim Vera Cruz, em Contagem, foram surpreendidos por um ato constrangedor. Um caminhão carregado de tijolos, a serviço do Depósito Palmeiras, localizado no bairro Europa, também em Contagem, destruiu o Cruzeiro de madeira da capela da Comunidade.

De acordo com o diretor Social, Jorge Antônio dos Santos, uma das lideranças dos Arturos, o motorista destruiu o monumento e foi embora como se nada tivesse acontecido. “Estamos tristes, pois o Cruzeiro é uma peça de valor sagrado e histórico para a Comunidade”.

O monumento foi construído há mais de 80 anos e é inventariado como patrimônio imaterial da Comunidade, que por sua vez, possui o título de Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.

A fim de registrar o ocorrido, foi feito um Boletim de Ocorrência Policial com o intuito de posteriormente reparar os danos por meio de restauração da peça religiosa.

Em maio de 2014, o Conselho Estadual de Patrimônio (Conep) reconheceu, por unanimidade, a Comunidade dos Arturos como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.

Comunidade dos Arturos

A comunidade dos Arturos é considerada uma das mais originais do Brasil e constitui grande e importante patrimônio histórico e cultural de Contagem. Os Arturos, como são chamados os membros dessa comunidade, descendem de Camilo Silvério da Silva que, em meados do século XIX, chegou ao Brasil num navio negreiro vindo de Angola. Hoje, em sua quarta geração, a comunidade conta com 80 famílias, totalizando cerca de 500 pessoas.

Entre as celebrações dos Arturos, destacam-se o Batuque (reconhecido como forma de expressão artística pelo Ministério da Cultura, que nomeou Dona Conceição Natalícia como mestre no batuque); a festa da capina denominada "João do Mato"; a folia de Reis; a Festa da Abolição da Escravatura e, principalmente, o Reinaldo de Nossa Senhora do Rosário, festa popularmente conhecida como Congado. Eles também formam o grupo artístico Arturos Filhos de Zambi (deus dos negros da nação banto) que trabalha percussão, dança afro e teatro em torno da história dos negros.

Fonte: PCOM