Data de publicação: 13-02-2016 00:00:00

Mutação - bilhões de pessoas e poucos humanos

Jornal Diário de Contagem On-Line
Foto: Divulgação

ARTIGO - Quão difícil é enxergar a essência em um mundo que constantemente celebra as aparências? Sendo responsável, academicamente, existem exceções a essa "regra", porém o simplório não deve ser tão exaltado, talvez essa cegueira coletiva, nos leve constantemente a não enxergar o monstro, o animal sem escrúpulos, sem sapiência, sem limites que se tornou o homem. Julgamos sempre! 

E o homem é antes de tudo um animal que julga, raros ermitões, sendo profissional, perdemos grandes histórias diariamente quando deixamos de ler um livro devido seu título soar estranho, perdendo assim o principal, o conteúdo. Perdemos também quando não somos capazes de enxergar um ser humano, uma bela história, irmão na espécie, quando direcionamos nossa visão embaçada para um morador de rua.

Na cidade, cheia de câmeras, olhos, mídias, jornais, locais de culto, mesmo que de aparências, igrejas que deveriam ser comunidades, mas que no seu seio se desfila egos, púlpitos, ternos e sapatos importados. Não enxergamos e isso se tornou rotineiro. Aliás, como acostumamos com tudo, transito pressa, mau cheiro, ônibus lotado. Uma poeta diz de forma brilhante " a gente se acostuma, mas não deveria".

Essa falta diária de humanidade, o não conseguir enxergar no próximo sua imperfeição e deficiências é um pleno e constante autoengano que segundo Nietzsche nos torna em monstros, e isso não é combatido, basta olhar para a TV, lojas, o culto diário, da magreza doentia ao produto de luxo. 

A felicidade ou a falta dela se resume a ter ou não ter. Violência simbólica produzida diariamente pelo monstro da globalização, ação no globo, padronização da cultura, modos de vida, transformando bilhões de seres "humanos" em robôs adestrados, padronizados.

O medo da mudança, do coletivo e, principalmente, o medo de mudar individualmente escraviza muitas mentes, que se tornam improdutivas, copiadoras, frias, afinal é muito difícil enxergar o próximo como irmão, o sonho maior dos historicamente explorados é se tornar explorador, patrão, e o ciclo se repete ano após ano.

Aos poucos chamados de “loucos", por pessoas limitadas, aos filósofos e sociólogos, verdadeiros poetas de várias formas, acadêmica ou popular. Resta a solidão, o salário baixo dos bons professores que também viram educadores, apesar de serem profissionais! 

Resumindo, migalhas aos sobreviventes, aos que trilham o caminho oposto ao rebanho que infelizmente no Brasil só cresce. Por isso prefiro o simples, a poesia que veio e vem para humanizar os "realistas" que enxergam o monstro e os que sonham diariamente, num mundo de bilhões de pessoas e poucos humanos.

Rafael Marcos Alecrim (graduando em Geografia UFMG)
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