Data de publicação: 15-02-2017 18:33:00

Tentativa de reintegração termina em confronto

Funeral Pet Diamond
Foto: Robson Rodrigues

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Uma tentativa de reintegração de posse terminou em confronto entre moradores de um conjunto habitacional e a Guarda Municipal de Contagem (GMC), na manhã desta quarta-feira (15), no bairro Maria da Conceição.
 
Segundo relatos de moradores, mulheres e crianças foram agredidas e atingidas por spray de pimenta. Lacerda Santos, integrante do Movimento Luta Popular que esteve no local, afirmou que cerca de 30 pessoas ficaram feridas por armas de borracha, pedras, Taser e até arma de fogo.
 
“Acredito que pelo fato de (os guardas) não estarem preparados, chegaram de forma truculenta, o que gerou revide e isso foi aumentando e aumentando, até chegar à agressão a crianças, gestantes, a todo mundo que estava aqui”, disse Campos.
 
De acordo com ele, moradores de prédios vizinhos também entraram no confronto para defender as famílias que vivem no local há cerca de um mês.
 
“A gente repudia veementemente o início de mandato do novo prefeito, que está colocando a Guarda Municipal para bater nos outros. A propriedade estava abandonada há mais de seis anos, não cumpria nenhuma função social e foi ocupada por famílias de baixa renda, chefiadas por mulheres”, emendou Campos, garantindo que não houve aviso prévio sobre ação de despejo.
 
Truculência
 
Lorrayne Caroline contou que estava dormindo com a filha, por volta das 7h, quando foi surpreendida pelos guardas arrombando a porta. “Já chegaram invadindo. Queriam retirar a gente de casa e jogar nossas coisas pela janela. Um guarda veio me empurrando enquanto eu estava com minha filha no colo”.
 
Moradores relataram que cerca de 300 agentes participaram da ação de reintegração, pela manhã. No início da tarde, outro momento de tensão foi registrado quando o secretário municipal de Defesa Social, Décio Camargos, discutiu com Lacerda Campos, do Movimento Luta Popular. “A prefeitura mostrou que não tem preparo para esse tipo de coisa”, concluiu.
 
A rua Pará de Minas chegou a ter o trânsito interrompido pela manhã, por causa da queima de madeiras e plásticos. O conjunto habitacional com 32 unidades é uma obra inacabada da Prefeitura Municipal de Contagem (PMC) e faz parte do programa Minha Casa Minha Vida do governo federal.
 
A previsão era de que a obra fosse concluída no final de 2014. O custo do empreendimento, informado em uma placa que foi removida do local, passava de R$ 2,18 milhões.
 
Foto: Google Street View

 
Contraponto
 
A equipe de reportagem do jornal Diário de Contagem e da Contagem TV tentou ouvir representantes da GMC no local do confronto, mas não foi atendida.
 
A Prefeitura de Contagem informou, em nota, que “no final da manhã, lideranças das famílias que ocuparam os apartamentos se reuniram com representantes das secretarias municipais de Desenvolvimento Social e Habitação, Defesa Social e Governo para tentativa de negociação. Como não houve acordo, haverá novo encontro entre as partes na próxima quinta-feira (16)”.
 
Confira a nota na íntegra:
 
Referente ao cumprimento do mandado de reintegração de posse cumprido em um conjunto residencial no bairro Maria da Conceição, a Prefeitura de Contagem esclarece que:
 
a) Prédio abandonado: Não procede, em hipótese alguma, a informação divulgada nas redes sociais de que o edifício em questão esteja abandonado. Os apartamentos fazem parte do programa Minha Casa Minha Vida e os 32 futuros proprietários passaram por todas as fases do programa;
 
b) Reintegração de posse: Dois oficiais de Justiça estiveram no residencial para cumprir o mandado de reintegração de posse na manhã desta quarta-feira (15 de fevereiro). A ação teve a participação de 50 guardas civis municipais;
 
c) Situação atual: São 32 apartamentos em fase final de acabamento que serão entregues a famílias cadastradas pelo programa federal. Na tentativa de desocupação dos imóveis, dois guardas civis ficaram feridos em confronto com manifestantes e foram feitas três prisões por desacato e danos ao patrimônio;
 
d) Diálogo permanente: No final da manhã, lideranças das famílias que ocuparam os apartamentos se reuniram com representantes das secretarias municipais de Desenvolvimento Social e Habitação, Defesa Social e Governo para tentativa de negociação. Como não houve acordo, haverá novo encontro entre as partes nesta quinta-feira (16).
 
Por fim, a Prefeitura de Contagem lembra que o residencial deveria ter sido entregue em junho de 2016. Como as obras estavam paralisadas, a atual administração precisou licitar uma nova empresa para a finalização dos trabalhos. As intervenções serão retomadas imediatamente após a desocupação do imóvel, cujos proprietários são cadastrados no "Minha Casa Minha Vida" e aguardam a entrega das chaves.
 
A Prefeitura de Contagem aproveita ainda para destacar a importância de tratar a questão da moradia da população de baixa renda com planejamento e respeito aos envolvidos. A previsão é que em quatro anos três mil moradias sejam destinadas àqueles que mais precisam. O Executivo Municipal colocou equipe para que os cidadãos que invadiram o local sejam atendidos e inseridos nos programas habitacionais.
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