Foto: Gilmar Felix/Câmara dos Deputados
A advogada e deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) é filha de Roberto Jefferson, atual presidente nacional do PTB, ex-deputado federal que ficou conhecido nacionalmente como o primeiro delator do “mensalão”.
Segundo Jefferson, que chegou a ser preso no processo do “mensalão”, o nome da filha foi sugerido pelo próprio presidente Michel Temer, na última terça-feira (3), durante reunião no Palácio do Jaburu.
“O nome de Cristiane Brasil surgiu na conversa com o presidente. Não foi uma indicação minha, foi sugestão dele (Temer)”. A nomeação foi confirmada pelo Palácio do Planalto após indicação oficial feita pelo PTB.
Ainda segundo Roberto Jefferson, Cristiane concordou em não disputar as eleições deste ano para ficar ministra até o final do governo de Temer. Jefferson chegou a chorar ao falar da filha.
Denúncia
Cristiane Brasil foi acusada em delações de pegar R$ 200 mil em doação não declarada - caixa dois - da Construtora Odebrecht. O valor teria sido para a campanha a vereadora do Rio, em 2012.
Trajetória
Cristiane foi eleita deputada federal em 2014 e está no primeiro mandato eletivo. Ela foi a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e votou não à abertura das investigações contra o presidente Temer.
Em 2015, Cristiane foi autora de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe a reeleição de presidente, governadores e prefeitos.
No mesmo ano, servidoras da Câmara protestaram contra a proposta da deputada de aprovar um código de vestimenta para banir minissaias e decotes mais ousados dos corredores e salões da Casa.
Em 2017, Cristiane foi a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos e da terceirização para todas as atividades. Também votou a favor da reforma trabalhista, mas foi contra o Projeto de Lei 5069/2013, que cria uma série de dificuldades para mulheres vítimas de estupro serem submetidas legalmente a um aborto.
Consequências desastrosas
Indo para o Ministério do Trabalho, Cristiane Brasil deixa a cadeira no Congresso Nacional que será ocupada pelo suplente Nelson Nahin (PSD-RJ), irmão do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, preso recentemente acusado de compra de votos e outros crimes.
Nahin também já foi preso. Ele e outras 12 pessoas foram detidos, em junho de 2016, numa ação da Polícia Civil e do Ministério Público sob a acusação de participar de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes em Campos de Goytacazes (RJ).
Na atual legislatura, Nahin já assumiu o mandato de deputado federal por duas vezes, em dezembro de 2015, por apenas um dia, e em janeiro de 2017, por cerca de duas semanas.