A tradicional Festa da Abolição, celebrada anualmente pela Comunidade Quilombola dos Arturos, em Contagem, precisou ser restrita pelo segundo ano consecutivo por causa da Covid-19. O evento, que marca a abolição da escravatura no Brasil, ocorrida em 13 de maio de 1888 por meio da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, chegou à 47ª edição em 2021.
“Nossa comunidade está sujeita a tudo o que acontece no mundo. Essa pandemia afetou também a nós e as nossas tradições. De toda a nossa festividade da abolição, não estamos realizando nem 40%. Mais importante é preservar a vida do nosso povo”, destacou Jorge Antônio dos Santos, de 53 anos, participante do congado.
Em vez dos costumeiros 15 mastros, por exemplo, foram erguidos, de maneira simbólica, apenas três durante a cerimônia realizada no último sábado (8): um de São Benedito na Igreja Nossa Senhora do Rosário, um de Santa Efigênia no marco da comunidade e um de Nossa Senhora do Rosário na capela dos Arturos.
Apesar das limitações impostas pela crise sanitária e da recente perda do patriarca, o “Seu Mário”, os descendentes de Artur Camilo Silvério fizeram questão de manter viva a tradição. “Eles [antepassados] deixaram para nós que, mesmo que morressem no dia da festa, era para continuarmos tocando o tambor”, afirmou José Bonifácio da Luz, de 72 anos, também conhecido por “Zé Bengala”, neto de Artur e filho de Dona Conceição Natalícia (a Tetana), rainha do Império.
Presente na festividade, a secretária municipal de Cultura, Monique Pacheco, ressaltou a importância histórica da Comunidade Quilombola dos Arturos. “Eles dizem muito sobre nossas origens. São um povo que tem uma memória a ser cuidada e tradições a serem mantidas. Eles carregam e simbolizam muito a nossa cidade”.
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