Data de publicação: 16-08-2021 23:59:00 - Última alteração: 17-08-2021 12:25:16

Serra do Rola Moça recebe protesto contra o Rodoanel Metropolitano

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Fotos: Robson Rodrigues

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Manifestantes representantes de diversos coletivos socioambientais e cidadãos comuns preocupados com a preservação da água, os recursos naturais e as riquezas culturais da Região Metropolitana de Belo Horizonte - RMBH, realizaram no último domingo (15/08), um protesto contra a construção de um Rodoanel.

O ato aconteceu na Serra do Rola Moça, no mirante antes da descida para o distrito de Casa Branca,  onde está previsto passar a Alça Sul do Rodoanel.

Segundo os manifestantes, a construção da rodovia apelidada de “Rodominério”, além de afetar gravemente o ecossistema local, a obra também poderá comprometer o abastecimento d’água para a RMBH, já que a obra poderá afetar as principais nascentes da região. Os ambientalistas também estão preocupados com os sítios arqueológicos, as comunidades quilombolas, hortas, equipamentos públicos e Áreas de Proteção Ambiental - APPs que também serão atingidos. 

O geógrafo aposentado do Movimento Rola Moça Resiste, Paulo de Tarso Ferreira, disse que está preocupado com a falta de informações e clareza do projeto do Rodoanel apresentado pelo governo de Minas. “A obra no entroncamento da Alça Sul, no Parque Serra do Rola Moça e na Serra da Moeda, pode afetar o Aqüífero Cauê  e todos os mananciais, causando transtornos e até desabastecimento de água”, disse.

Já a representante do Projeto Cercadinho, Carla Magna, disse que foi selecionada para escrever o livro “Em Busca Da Alma Do Brasil”, onde indica os pontos mais importantes de Belo Horizonte. “A Serra do Rola Moça é um dos lugares mais importantes do Brasil e está no livro. Queremos que todas as serras ao entorno continuem fazendo parte do patrimônio histórico ambiental local”.

De acordo com o projeto apresentado pelo governo de Minas, o trecho da Alça Sul do Rodoanel é considerado o principal do anel, porque pretende ligar a Rodovia BR-040, na altura da cidade de Brumadinho, com a Rodovia Fernão Dias - BR-381, na altura da cidade de Betim. 

Planejam passar a Alça Sul por cima da Unidade de Conservação e Monumento Natural da Serra da Calçada e do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, regiões com grandes áreas de mata atlântica, cerrado e campos rupestres. A obra pretende atingir mananciais, regiões com potencial turístico e várias propriedades rurais e condomínios.

Já no trecho da Alça Norte, pretendem ligar a BR-040, novamente a BR-381, na altura das cidades de Sabará e Caeté, e também passar por cima de áreas urbanas e rurais.

Com a Alça Oeste do traçado do Rodoanel pretendem passar na cidade de Contagem, por cima da Área de Proteção Ambiental - APA Vargem das Flores, onde tem cerca de 500 nascentes. Região próxima à represa de Vargem das Flores, um dos três maiores reservatórios d’água que abastece 10% dos municípios da RMBH. 

A obra foi orçada em R$ 4,5 bilhões, R$ 3,5 bilhões seriam custeados pela mineradora Vale e o restante seria pago com recursos vindos da cobrança de pedágios a serem instalados no anel pela concessionária que deve administrar a via.

Os R$ 3,5 bilhões viriam do acordo de 37 bilhões firmado entre o governador Zema e a Vale. Recursos que a princípio seriam para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, que matou cerca de 300 pessoas. Mas a maior parte dos recursos serão distribuídos para todas as cidades do Estado. 


A professora membro do SOS Vargem das Flores de Contagem, Cristina Oliveira, disse que é a primeira vez que representantes de todas as alças se reúnem em um protesto conjunto contra a construção do Rodoanel. 

“O nosso inimigo e ameaça são comuns. Muitas pessoas ainda não conhecem o projeto do Rodoanel, nem aqueles que serão afetados pela obra, como é o caso da Regional Vargem das Flores, onde vários bairros serão destruídos. Daí a importância da sociedade conhecer e lutar contra, porque, o Rodoanel, mais mineração é igual a racionamento de água”, enfatizou a professora. 

A também professora e membro do SOS Vargem das Flores, Adriana Souza, voltou a lembrar que o projeto do Rodoanel vai beneficiar somente as mineradoras como a Vale. “Essa área do Parque do Rola Moça pode ser gravemente atingida pelo Rodominério e não podemos trocar água por estrada. A luta contra essa obra é metropolitana porque defender a água é defender a vida”, frisou.

O traçado prevê uma rodovia de 100 quilômetros, com quatro faixas e pedágios que cobrariam R$ 0,35/Km. A nova via diminuiria o fluxo de caminhões nas vias marginais e urbanas de Belo Horizonte, principalmente no Anel Rodoviário. 

Durante o ato, o grupo Tamboriô de Nete Barros fez apresentações e o Palhaço Popó interpretou "O Capitalista". No final do manifesto, o Movimento Boi Rosado Ambiental doou de cem mudas de árvores de várias espécies, e também foi distribuída a edição 89 da Revista do Projeto Manuelzão e o livro “O Menino Que Subiu A Serra”, da autora  Fátima Sampaio.

Participaram do protesto, os movimentos Abrace a Serra (Moeda), Fórum São Francisco (BH), Movimento de Luta de Bairros (BH), Fechos (Nova Lima), Comissão SOS Barragem Santa Bárbara (Piedade do Paraopeba), Boi Rosado Ambiental (Contagem), SOS Vargem das Flores (Contagem), Projeto Pomar BH (Belo Horizonte), Serra Sempre Viva (Ibirité), Movimento Mineiro pelos Direitos Animais - MMDA (MG), Projeto Manuelzão e Ecotrabalhismo-BH.

Ambientalistas das cidades de Ibirité, Contagem, Nova Lima, Betim, Moeda, Piedade de Paraopeba e Belo Horizonte  participaram do protesto no Parque do Rola Moça.

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