Data de publicação: 18-02-2022 21:42:00 - Última alteração: 18-02-2022 22:14:24

Fiemg processa fundador do Projeto Manuelzão

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE

Foto: Robson Rodrigues / Contagem TV Online

 

O médico, professor e ambientalista, Dr. Apolo Heringer Lisboa, denunciou que a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - Fiemg, controla os comitês de bacia mineiros e impede que a cobrança pelo uso da água seja feita com base em valores de mercado.

 

Mas Fiemg considerou as afirmações como calúnia e difamação, e entrou com uma ação criminal contra Apolo Heringer, protocolada no dia 15 de dezembro de 2021. Heringer denunciou que houve conluio entre ocupantes de cargos públicos e setores do empresariado urbano e rural para o controle privado da água e o não pagamento de seu valor de mercado.

 

“Acredito que aí está a origem da alta lucratividade dos empreendimentos agrossilvopastoris e minerários, que transferem e forçam o povo a custear o alto consumo d’água. Isso é, obrigam a todos a pagar as elevadas tarifas de água e energia da água, beneficiando negócios ilegítimos e egoístas”, disse.

 

Heringer acrescentou que a escassez de água criou um novo tipo de seca, a seca subterrânea, a seca do modelo econômico hidrocida, o hidronegócio. “Não existe mais a seca sazonal das estiagens. A seca agora é diferente, ela é alternada com dilúvios”, explicou.

 

Dr. Apolo Heringer disse que essa ação da Fiemg não é uma tentativa isolada da entidade representativa dos empresários de Minas Gerais, em tentar calar o movimento ambientalista. 

 

Recentemente, a Fiemg entrou com ação civil pública contra fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -ICMBio, que contrariáram a entidade ao barrar a instalação de uma fábrica da cerveja da marca Heineken, no município de Pedro Leopoldo, ao constatarem possíveis danos ao patrimônio espeleológico da região.

 

Fiemg x Legislativo

 

Atualmente, a Fiemg e alguns deputados tentam ampliar prazo para o fim de barragens de rejeitos de minérios construídas do tipo a montante. Aquelas estruturas com menor custo para as mineradoras, mas também menos seguras. 

 

A entidade e parlamentares mineiros querem modificar a lei conhecida como "Mar de Lama Nunca Mais" que proíbe o funcionamento de barragens de alto risco no estado. As mineradoras teriam o prazo até 25 de fevereiro de 2022, para descomissionar todas as barragens construídas em a montante.

 

A lei não será cumprida e os deputados já apresentaram na Assembleia Legislativa de Minas Gerais - ALMG, um Projeto de Lei - PL para estender o prazo para as mineradoras. Com o PL, as mineradoras teriam até 2037 para dar fim às barragens de risco elevado que tiraram moradores de suas casas, sem data para retorno.

 

Rede de apoio

 

Várias entidades manifestaram apoio e um abaixo assinado já recolheu cerca de dez mil assinaturas de pessoas que conhecem e acreditam no ambientalista.

 

A Rede Sustentabilidade de Minas Gerais se manifestou em apoio e solidariedade ao professor Dr. Apolo Heringer Lisboa, um dos fundadores do partido no Estado e do Projeto Manuelzão. “Tal estratégia da FIEMG tem intenções evidentemente intimidatórias, no sentido de cercear os debates técnicos acerca de sua interferência direta e indireta nos órgãos ambientais do Estado, especialmente nas questões hídricas.

 

Segundo o Partido, ao tentar impedir a apresentação de pontos de vista contrários sobre sua própria atuação, “a FIEMG incorre no risco de favorecer um sistema obscuro, em que se admite encobrir práticas criminosas como o uso indevido das águas, sem a necessária fiscalização, apuração e punição aos infratores”.

 

Em nota o Projeto Manuelzão afirmou que o professor Apolo Heringer “tem praticado, ao longo de sua vida, uma aguerrida defesa das águas, dos animais e das plantas de todas as espécies apontando de forma corajosa e lógica que “o espelho d’água mostra a nossa cara”. 

 

Ainda na nota, o projeto aponta que o crescimento econômico do Brasil pode e deve respeitar os limites ecológicos em respeito à preciosidade da vida na Terra. Citou que o agronegócio, a mineração e a indústria precisam se adequar aos limites impostos pela vida na Terra e não ao insaciável apetite de lucros, sujos de lixo e sangue.

 

“Apolo denunciou que o desmatamento galopante e generalizado, o uso de agrotóxicos e a abusiva retirada de água para fins econômicos, por parte dos grandes empresários, sem nenhum controle, é abuso e confisco de direitos”.

 

“A água é um bem natural, público, essencial à vida e de uso comum de todos os seres vivos, não somente dos humanos ricos. Muito menos em nome de um desenvolvimento econômico a qualquer custo que empobrece o povo que forma a base da pirâmide social” disse a nota.

 

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Minas Gerais - SJPMG publicou uma carta aberta em defesa da liberdade de expressão.

 

“Infelizmente, a Fiemg optou por recorrer à Justiça para calar o ambientalista que vem a público defender, democraticamente, uma ampla discussão acerca de um assunto tão importante. A Fiemg optou em criminalizar o movimento ambientalista e buscar, pela via judicial, o cerceamento da liberdade de expressão, atitude que repudiamos e esperamos seja barrada pela própria Justiça”, afirmou o SJPMG.
 

Veja as entidades que apoiam o ambientalista Apolo Heringer:

 

Aprovargem

Associação Brasileira de Médicos e Médicas pela Democracia

Boi Rosado Ambiental

CAMIJOC Coletivo de Antigos/as Militantes da Juventude Operária Católica de MG

Coletivo ComElas

Coletivo Conectando a Cidade

Coletivo Resistência de MG

Comissão Pastoral da Terra – CPT Nacional

Cozinha Solidária do Ipê Amarelo

Frente Brasil Popular de Contagem

Instituto Guaicuy

MAM – Movimento pela Soberania Popular na Mineração

Movimento Cidade Sustentável

Movimento Saúde e Solidariedade Contagem

Núcleo Rosa Egipcíaca – Negras, Negros e Indígenas PSOL

Projeto Manuelzão

Sindágua

Sindieletro

SindUTE – subsede Contagem

SOS Vargem das Flores

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