Convidado para discursar na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas - COP 27, em Sharm El-Sheikh, no Egito, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu  "combate sem trégua" a crimes ambientais.

Segundo Lula, para atingir o objetivo de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030, pretende criar o Ministério dos Povos Originários, fortalecer as organizações de fiscalização e os sistemas de monitoramento ambientais.

“Os crimes afetam diretamente os povos indígenas. Vamos criar o Ministério dos Povos Originários, para que os próprios indígenas apresentem propostas que garantam paz e sobrevivência dos indígenas. Serão eles os primeiros parceiros, agentes e beneficiários de um modelo de desenvolvimento local que vai permitir que essas comunidades usem as riquezas naturais para produzirem medicamentos e outros produtos não danosos ao meio ambiente”, disse o presidente eleito.

Lula também citou investimentos na transição energética do país para fontes eólica, solar, biocombustíveis e, também, para a produção de hidrogênio verde, combustível 100% renovável que tem despertado cada vez mais o interesse de outros países.

Cooperação internacional

Lula disse que “o Brasil está de volta para reatar os laços com o mundo; para ajudar novamente a combater a fome no mundo; e para cooperar com os países mais pobres, sobretudo da África e da América Latina”.

O presidente contou que a frase que mais tem ouvido dos líderes mundiais é que “o mundo sente saudade do Brasil. Voltamos para uma nova ordem pacífica de diálogo, multilateralismo e pluralidade. Para um comércio justo e pela paz entre os povos”, acrescentou.

Lula reiterou a proposta de o Brasil, por meio de um estado amazônico, sediar a COP30, em 2025, e convidou os países sul-americanos para reunir e discutir “de forma soberana o desenvolvimento integrado da região com responsabilidade social e climática. Não podemos adiar esse debate. Não podemos continuar nessa corrida rumo ao abismo”, enfatizou.

Lula reiterou a importância de todos os participantes da conferência cumprirem os acordos feitos na COP15, de Copenhague em 2009. “Não podemos ficar prometendo e não cumprindo porque seremos vítimas de nós mesmos”, reiterou.

Na época, os países mais ricos se comprometeram a destinar, a partir de 2020, US$ 100 bilhões por ano para ajudar os menos desenvolvidos a enfrentarem a mudança climática. “Volto também para cobrar o que foi prometido”, disse.

Agronegócio

Sobre a agricultura, Lula disse que a meta de seu governo será a de uma produção com equilíbrio, sequestrando carbono e protegendo a biodiversidade, com aumento de renda para agricultores e pecuaristas.

“Estou certo de que o agronegócio será um aliado estratégico na busca de uma agricultura regenerativa e sustentável, com valorização da tecnologia no campo. Temos conhecimento tecnológico para não desmatar nem um metro sequer. O desafio que se impõe aos brasileiros e demais países produtores de alimentos é reduzir a fome no Brasil e no mundo”.

Segundo ele, o resultado das eleições mostraram que os brasileiros fizeram uma escolha pela paz, pelo bem-estar, pela sobrevivência da Amazônia “e, portanto, pela sobrevivência do nosso planeta”.

“A todo momento o planeta nos alerta de que precisamos uns dos outros para sobrevivermos e que, sozinhos, estamos vulneráveis à tragédia climática. Ignoramos esses alertas gastando trilhões em guerras que só trazem morte, enquanto 900 milhões de pessoas não têm o que comer”. 

“Entre 2030 e 2050, o aquecimento global poderá resultar em 250 mil mortes a mais ano por doenças decorrentes do calor excessivo, e o impacto econômico desse processo é estimado entre US$ 2 e 4 bilhões anuais. Ninguém está a salvo”, finalizou.

Fonte: Agência Brasil