Data de publicação: 24-07-2023 21:52:00 - Última alteração: 24-07-2023 22:03:00

Peça “Parem As Máquinas” revive greve de 1968, em Contagem

Academia Equilíbrio Funcional
Fotos: Robson Rodrigues

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Neste final de semana, o Núcleo Cena Crítica apresentou a peça "Parem As Máquinas", com direção de Gabriel Vinícius, que relembra um dos momentos importantes da história brasileira: a greve dos metalúrgicos de 1968, iniciada em Contagem. 

A peça teatral foi encenada em dois espaços importantes da cidade, o Parque Ecológico do Eldorado e o Parque Gentil Diniz. Ambos tem uma mini teatro em forma de arena que tem sido bastante utilizado para todos os tipos de artes, neste período pós pandemia.

Segundo o diretor Gabriel Vinícius, a peça foi uma construção coletiva que envolveu artistas, produtores e colaboradores. 

“A nossa arte é a prova da resistencia e da resiliência. A montagem foi possível graças ao edital da Prefeitura de Contagem, do patrocínio do Sindicato dos Metalúrgicos de Contagem e também graças a colaboração do público por meio do pix. Inclusive, quem ainda puder faz um pix, será muito bom, isso porque dividas foram contraidas”, disse.

No final da apresentação, todo o elenco e produtores se reuniram para receber os aplausos e o diretor aproveitou reinvidicar novamente, 1% na arrecadação do município para ser investido na cultura da cidade. 

“A nossa reinvidicação é antiga e necessária, já que os valores disponibilizados pelos editais da prefeitura não são suficientes para pagar os artistas, cenários, figurinos, som, iluminação e toda a estrutura que envolve o espetáculo”, finalizou o diretor.

Os públicos das duas noites de apresentações aplaudiram de pé a interpretação do grupo e o desempenho individual de cada ator, atriz, cantor, produtores e envolvidos na montagem.


Sinopse

A peça é uma homenagem à greve histórica que ocorreu em abril de 1968, quando os trabalhadores de Contagem paralisaram as fábricas da cidade, uniram-se em protesto e ocuparam as ruas. O enredo da peça explora as complexas relações sociais que permeavam esse período.

A história é contada a partir da perspectiva de três mulheres: uma operária que vende cosméticos, uma sindicalista e uma militante da luta armada. Juntamente um padre, um pelego e uma burguesia em crise diante da industrialização, essas mulheres desempenham um papel crucial na construção da luta dos trabalhadores. 


A trama também aborda questões como o arrocho salarial e a radicalização das lutas populares no contexto da intervenção militar no Brasil.

A peça busca ser uma ferramenta de elucidação histórica, apresentando as táticas utilizadas pelos trabalhadores durante a greve, a fim de provocar uma reflexão sobre o momento histórico atual a partir das lições do passado.


A Greve

A greve dos metalúrgicos de Contagem em 1968 foi um marco importante no cenário brasileiro, pois foi a primeira vez que os trabalhadores conseguiram obter um reajuste salarial durante a ditadura militar. 

Cerca de 1.200 trabalhadores da siderúrgica Belgo-Mineira cruzaram os braços exigindo um aumento de 25% nos salários. A greve surpreendeu a ditadura, que estava acostumada a impor uma política de arrocho salarial.

A greve foi liderada pela diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos, que havia sido eleita no ano anterior, mas impedida de tomar posse sob acusação de ter membros de esquerda infiltrados. Mesmo com o sindicato sob intervenção do Ministério do Trabalho, os trabalhadores decidiram seguir adiante com a paralisação, desafiando as leis restritivas impostas pela ditadura.

A mobilização ganhou força, com mais de 15 mil trabalhadores participando das manifestações nas ruas. A greve foi além das fronteiras de Contagem, alcançando outras fábricas da região, como Mannesmann, RCA e SBE, e teve o apoio de trabalhadores da Belgo de João Monlevade e da Acesita, no Vale do Aço.

A greve foi encerrada no 10º dia, aparentemente sem vitória, mas em 1º de maio, o presidente Costa e Silva foi obrigado a anunciar um abono de 10% nos salários de todos os trabalhadores brasileiros, rompendo pela primeira vez com a política de arrocho.


Núcleo Cena Crítica

O Núcleo Cena Crítica surgiu a partir da demanda do Fórum Popular de Cultura de Contagem por uma equipe especializada em agitação e propaganda, a fim de estreitar a relação entre os movimentos sociais e a população, utilizando a arte como instrumento de formação e combate à ideologia dominante.

Inspirado por teóricos como Bertolt Brecht, Augusto Boal e a vanguarda russa, o Núcleo busca criar espaços de formação e ativismo cidadão, conectados com a realidade social e as questões que afetam a sociedade atual. Através do teatro, o Núcleo Cena Crítica busca refletir, questionar e intervir na conjuntura atual, destacando a importância da mobilização e da busca por direitos e justiça social.

Com a peça "Parem As Máquinas", o Núcleo Cena Crítica honra a coragem e a resistência dos trabalhadores de Contagem em 1968, ao mesmo tempo que provoca uma reflexão sobre o contexto político e social atual e a necessidade contínua de lutar por um país mais justo e igualitário.


 
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