Moradores das comunidades Suzano e Campinho, próximas a Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), denunciaram à Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que sofrem com a falta de água potável desde 2015, devido às atividades desenvolvidas pela fábrica da Coca-Cola na região. 

De acordo com os moradores, desde que começou o bombeamento de água para a fábrica, localizada em Itabirito, as nascentes, antes abundantes, sofreram impactos significativos, resultando em um cenário de desabastecimento hídrico para a população local. 

 
Desde então, as comunidades passaram a depender de caminhões-pipa para ter acesso à água potável. A situação foi relatada durante uma visita técnica aos territórios realizada na segunda-feira (8).

Segundo o morador Moisés Acorrone, "água, energia e saneamento são direitos básicos para a sociedade. Não queremos poços artesianos. Queremos água e de qualidade", afirmou.

Diante da denúncia, a deputada estadual e membro da comissão Beatriz Cerqueira (PT), anunciou que irá realizar uma audiência pública na ALMG para discutir o assunto. A parlamentar pretende cobrar uma reunião entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e as lideranças locais, e também realizar uma visita técnica à fábrica da Coca-Cola.

 
As famílias afetadas exigem que a Coca-Cola seja responsabilizada e que os danos socioambientais causados às comunidades sejam reparados. Os moradores relatam impactos na agricultura, desvalorização dos imóveis e queda do turismo na região.

Segundo informações divulgadas no site da ALMG, atualmente, a empresa e o MPMG estão em tratativas para a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Posição da Coca-Cola

Questionada sobre as acusações, a Coca-Cola FEMSA Brasil declarou que a unidade em Itabirito possui todas as licenças operacionais e ambientais necessárias e mantém uma relação cliente-fornecedor com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), responsável pelas outorgas dos poços para abastecimento público. 

A empresa afirmou, ainda, que utiliza tecnologias avançadas para otimizar o consumo de água no processo de produção, incluindo sistemas de reaproveitamento e reuso do insumo, e reforçou seu compromisso com o respeito às pessoas e ao meio ambiente.