Data de publicação: 22-07-2007 00:00:00

Editorial - Crise área e o medo de voar.

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE

Foto do procedimento de pouso na Base Aérea de Barbacena - MG. 

Vejam as fotos do vôo

Desde o dia 29 de setembro de 2006, data do acidente envolvendo um avião da Gol e o jato Legacy, os brasileiros vivem um caos no transporte aéreo, mas até então os usuários de aviões não demonstravam medo de voar.

Depois do dia 17 de julho, dia do acidente com o avião da empresa área Tam no aeroporto de Congonhas, vários ônibus extras estão sendo colocados à disposição para aqueles que preferem não se arriscar.

A cada dia que passa surgem relatos diferentes de perigos iminentes de vôo e testemunhos de situações dramáticas vividas, registrados no relatórios de pouco e decolagem, que ficaram guardados nas mentes de passageiros e tripulações.

A confusão das siglas NIL mal escritas nos diários de bordos mostrada na TV que na verdade é N/C de nada consta, é apenas mais um detalhe do quebra cabeça desse trágico acidente da TAM em Congonhas.

De quem é a culpa?

Onde está o erro? Pista escorregadia, defeito mecânico, falta de comunicação, falha do piloto, dos controladores de vôo ou de todas as opções juntas? A culpa é de todo o sistema que foi sucateado pelos cortes orçamentários feitos pelo Governo Federal afetando a Infraero e a Anac que não conseguem fiscalizar as companhias aéreas por falta de dinheiro para contratar pessoal qualificado.

A Anac – Agência Nacional de Controle Aéreo é apenas mais um cabide de empregos sem competência para fiscalizar nem os aeroportos e muito mesmos o controle de manutenção das aeronaves. Com isso, aviões voam sem reverso, com vazamentos hidráulicos e com excesso de cargas. As companhias aéreas se sentem à vontade para praticar o over book, atrasar e cancelar vôos.

Testemunhos:

Diante de tantos relatos de perigos aéreos que estão surgindo, abortagens de decolagens e derrapagens, me lembram uma viagem ao Sul de Minas em setembro de 2006. Decolamos de helicóptero com destino ao Sul de Minas na quinta-feira dia 28 de setembro, na sexta-feira partimos para Viçosa na Zona da Mata. Para voltarmos para Contagem seria preciso abastecer a aeronave e então o piloto contactou com a rádio da cidade de Barbacena pedindo autorização de pouso para abastecimento.

O Pouso foi autorizado, mas quando solicitamos o abastecimento, o comandante da base aérea disse que no aeroporto só abastece aviões da FAB e deveríamos voar até Juiz de Fora para completarmos o tanque. Mas como o combustível era insuficiente, o piloto insistiu e a solução foi fazer uma transferência do valor do querosene para a conta da BR Distribuidora para que o abastecimento fosse liberado. Se decolássemos correríamos o risco de cair por falta de combustível, mesmo assim os militares insistiram no procedimento.

Com muito sacrifício conseguimos o combustível e a demorada permissão para decolar. Da base aérea de Barbacena até a cidade de Contagem, fomos monitorados pelo Cindacta I de Brasília. Questionei ao piloto o porquê do monitoramento de Brasília e não de Barbacena, ele concluiu que talvez fosse por causa do combustível e do valor que ele representa.

Conclusão: Coincidência ou não esse vôo foi feito no dia 29 de setembro entre 16 e 17 horas, no mesmo dia e horário que o Legace se chocou com o avião da Gol matando mais de 150 pessoas. Lembro que ficava escutando as conversas pelo rádio do helicóptero e ouvia os pilotos quase implorando aos controladores de vôo para lhes dar o plano de vôo. Várias vezes ouvi os militares que controlam o tráfego aéreo brasileiro se negando a ajudar os pilotos e dizendo para eles chamarem outra rádio. Perguntei ao piloto o que estava acontecendo, se era normal essa recusa e ele me disse: “Os controladores atendem os pilotos sem vontade de ajudar e demoram”, relatou o piloto.

Sucessão de erros.

A pista de Congonhas estava escorregadia por causa da chuva, faltou manutenção no avião da TAM, os controladores de vôo não dão à devida atenção, os equipamentos das torres de comando aéreo estão ultrapassados e pode ter havido falha humana, próprio de pilotos experientes. Acidentes acontecem também no transporte rodoviário com motoristas experientes e por excesso de confiança.
É isso ai.

Robson Rodrigues Moreira
Editor – Jornal Diário de Contagem.
redação@diariodecontagem.com.br

 

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