Data de publicação: 13-07-2010 00:00:00

Se meu fusca falasse

Foto - Nuno Canastra

Besouro, bolha, corcunda, barata, fuscão. Com diferentes apelidos, o velho e econômico Volkswagen Sedan, mais conhecido como Fusca, conquistou o planeta. Nem a própria VW acreditava que aquele modelo encomendado por Adolf Hitler, na época da Segunda Guerra Mundial, aguentaria o “tranco” por tantas décadas, ultrapassando gerações e gerações e sendo tema de música brega.

Além dos laços emocionais, a relação entre custo e benefício é um dos argumentos mais utilizados para justificar a predileção pelo Fusca. O editor da revista paulista “Auto & Técnica”, Gabriel Marazzi, afirma que o Volkswagen Sedan é um veículo simples, barato e fácil de dirigir. “Como eu viajava bastante com o carro na época da minha adolescência, o Fusca sempre apresentava problemas de funcionamento. Porém, qualquer mecânico, em qualquer cidade no mundo, consegue consertar um fusquinha. Isso me ajudava bastante”, lembra o editor.

No entanto, nem todas as pessoas se “apaixonam” pelo antigo Sedan à primeira vista. O jornalista curitibano Willian Boruki, detestava o veículo, mas, mesmo assim, se deixou influenciar pela mãe e acabou adquirindo um modelo. “Eu não gostava de Fusca, sequer havia entrado em um. Considerava o carro pequeno demais para a minha altura. Após um tempo, comprei um Fusca que foi de uma amiga da minha mãe e, desde então, não consigo pensar em outro carro”, lembra Boruki. 

Casos é o que na faltam na vida de um fuscamaníaco. O diretor de jornalismo da TV Integração, Paulo Eduardo Vieira, afirma que o veículo representa para ele uma maneira curiosa e divertida de ligação com o passado. “Recordo-me sempre de um episódio da minha infância. Em certa ocasião, o Fusca do meu pai ficou atolado uma noite inteira em uma estrada de terra. Tivemos que dormir no carro, pois não restavam alternativas e mal sabíamos onde estávamos. No dia seguinte, fomos acordados por uma vaca, que lambia o vidro do carro. Foi um dos mais engraçados sustos que já sofri na vida, além de ser também um episódio que marcou minha relação com esse carro”, gargalha Vieira.

Um pouco de história

O Fusca foi desenvolvido por Ferdinand Porshe a pedido de Adolf Hitler. A proposta do “Volkswagen” (carro do povo) era acelerar a economia com um modelo simples e barato, que teria como intuito contribuir para o fim da recessão econômica que assolava a Alemanha, após a Primeira Guerra Mundial. Na época (meados de 1935, quando o Fusca foi oficialmente lançado), a Alemanha era o país com menor número de automóveis per capita da Europa: um para cada 100 habitantes. Para divulgar o carro, panfletos produzidos pelo NSDAP (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães) eram distribuídos nas ruas.

Após quatro anos de estudos, Porshe conseguiu criar o protótipo de um carro barato e com o motor refrigerado a ar, assim como havia sido encomendado por Hitler. O motor, colocado na traseira do veículo, foi o responsável pelo design peculiar do carro: o capô arredondado e a traseira levemente mais achatada.

Em 1938, o Fusca começou a ser produzido em série e, um ano depois, foi utilizado como veículo militar na Segunda Guerra Mundial. Entre as estratégias de marketing destinadas à comercialização civil, destaca-se o fato da Volkswagen alemã ter distribuído fuscas gratuitamente para diversas auto-escolas europeias, para que os alunos se familiarizassem, conhecessem e aprendessem a dirigir o veículo.

Com o fim da guerra, a produção em série do Fusca acabou subitamente e seus projetistas simplesmente “desapareceram”. O veículo ficou “esquecido” até que o major Ivan Hisrt redescobriu o Volkswagen e estimulou a volta da fabricação em série do produto.

Em 1974, ano recorde de compras do veículo, foram vendidos 239.393 fuscas no Brasil. No entanto, a produção foi temporariamente suspensa no país em 1986. Retomada em 1993, por intermédio do então presidente Itamar Franco, foram produzidos cerca de 40 mil novos carros. No entanto, o projeto não durou muito tempo: em julho de 1996 foi anunciado oficialmente o fim da fabricação do Fusca no país. No total, foram vendidos 3,3 milhões de unidades em nosso país.


Por: Lúcio Carvalho

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