Data de publicação: 18-09-2007 00:00:00

Nelson Motta solta o verbo em Contagem.

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE

Fotos: Robson Rodrigues Moreira 

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O Programa TIM Estado de Minas - Grandes Escritores 2007 promoveu o encontro entre o escritor Nelson Motta e seu público de Contagem.  O evento foi essa segunda-feira, dia 17, no Centro Cultural que teve a casa lotada.

A fim de motivar a prática da leitura, o escritor doou alguns exemplares de suas obras para a biblioteca pública de Contagem. Nelson Motta falou do seu envolvimento com a música popular brasileira (MPB), da sua vida no Rio de Janeiro e do seu projeto de escrever a biografia do cantor Tim Maia.

“Quando tinha 13 anos morava em Copacabana - isso na época do presidente JK. Eu e meus amigos não interessávamos pela música. Só em 1958, quando ouvi João Gilberto cantar, me apaixonei pela Bossa Nova. Foi uma grande descoberta que mudou minha vida. Na época, JK virou o espírito dos brasileiros e foi um momento chave na minha vida”.

“João Gilberto, Erasmo Carlos, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Chico Buarque, todos nós éramos amigos mesmo antes de gravarmos discos. Na época quem não tocava violão e não cantava, não era convidado para nada e nem arranjava namoradas. Eu tocava razoavelmente e cantar batendo palmas era difícil para mim. Mas eu gostava de poesias e estava muito próximo do poeta Vinícius de Morais. Como eu não era bom músico, resolvi me dedicar às letras de músicas”.

“Não me considero um músico frustrado, escolhi o meu caminho, produzi shows, programas de TV e hoje escrevo livros. Como compositor, é um prazer ouvir alguém cantando canções minhas mesmo sem saber quem é o autor. Entrei na faculdade de Direito, mas foi um equívoco. Deixei o Direito e comecei a faculdade de Designer Industrial. Mas depois que um professor me apresentou em um jornal, me tornei jornalista e nunca mais voltei à faculdade”.

“Em jornais fui editor, colunista, correspondente internacional e permaneci no jornalismo até 1998 quando me tornei escritor. A experiência de escrever diariamente para jornais, mesmo sem assunto, me ajudou a escrever os meus romances e ficções. Digo que tenho um espírito carioca, mas na hora de trabalhar me comporto como um paulista. Às vezes coloco palavras a mais nas minhas frases para que haja mais sonoridade”.

“Gosto de escrever porque o ofício de escritor me permite viver como eu quero. Trabalho na minha casa em Ipanema de bermuda e camiseta rasgada, de frente para o mar. Produzi vários artistas como Elis Regina, Marisa Monte e já passei dias e dias dentro de estúdios de gravações. Mas antes de realizar algum trabalho eu rezo para que as minhas obras possam alegrar e levar a minha mensagem. Não tenho saudades de nada porque realizei tudo na minha época”.

“Rock and roll no Brasil só foi possível nos anos 80 após a ditadura. Raul Seixas e Rita Lee foram fundamentais para o rock brasileiro. Em 1992 - na era Collor - fui obrigado a sair do Brasil por causa da crise econômica, política e musical que assolou o Brasil. Mas a minha estadia nos Estados Unidos, New York, foi muito boa para minha carreira. Nos EUA aprendi a ética profissional e a odiar o jeitinho brasileiro. Na Europa percebi que os cidadãos de lá são pagadores de impostos enquanto no Brasil somos contribuintes”.

“Na música, em todos os ritmos, 10% são coisas boas e 90% é lixo. Digo que detesto regionalismo e que quanto mais pessoas se agruparem para produzirem, melhor. Cazuza e Renato Russo foram os primeiros a falar sobre drogas e sexualidade abertamente.
“A leitura é a coisa mais libertadora que existe. Quem não gosta de ler, fica na mão dos outros”.

Quando um professor discordou de Nelson Motta e disse que o ensino atual é melhor que nos anos 70 e que vivemos uma ditadura da mídia, o escritor se defendeu com veemência ao dizer por exemplo: “As estatísticas podem comprovar ao contrário e é um absurdo um professor dizer que o ensino está bom atualmente. Quanto à mídia, é um equivoco falar em ditadura da mídia com a internet e outros veículos de comunicação relatando tudo o que acontece no país”, finalizou Nelson Motta dizendo que ama as diferenças e detesta uniformidades.

Biografia

Nelson Motta é Jornalista, compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista. Em 1966, venceu a fase nacional do I Festival Internacional da Canção (FIC), com a canção Saveiros, interpretada por Nana Caymmi. Participou da bossa nova, ajudou no desenvolvimento do rock brasileiro, através de seu trabalho como jornalista em O Globo e no programa Sábado Som, pela Rede Globo de televisão.

No final da década de 80 foi responsável pelo lançamento de Marisa Monte e pela produção do festival Hollywood Rock. Autor de vários sucessos musicais, Motta já dirigiu espetáculos no Brasil e exterior e, produziu discos de grandes nomes da MPB tais como Elis Regina, Gal Costa, Marisa Monte, Daniela Mercury, entre outros.

Foi diretor artístico da gravadora Warner Music, produtor da Polygram e participante do programa Manhattan Connection, do canal GNT por oito anos. Escreveu Noites Tropicais, O Canto da Sereia, Nova York é aqui, Memória Musical. Recentemente, lançou um livro sobre o Fluminense Football Club.

 

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