Data de publicação: 20-09-2007 00:00:00

Grandes Escritores - Contagem recebe Zuenir Ventura.

Jornal Diário de Contagem On-Line

Fotos: Robson Rodrigues Moreira

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O Programa TIM Estado de Minas - Grandes Escritores 2007 trouxe à Contagem o escritor Zuenir Ventura nessa terça-feira, dia 18 de setembro. O escritor falou sobre sua vida e obra na PUC Minas - Unidade Contagem.

O Secretário de Educação Cultura e Esportes, Lindomar Diamantino deu boas vindas ao escritor e ressaltou que a parceria entre a Puc Minas e a prefeitura é muito importante para a cultura do município. “Procuramos incentivar a prática da leitura na Rede Municipal de Ensino e para isso estamos restaurando a Biblioteca Pública de Contagem. A vinda de Zuenir Ventura à Contagem é muito importante para os estudantes”, disse o secretàrio.

O Coordenador de Cultura de Contagem, Francisco Alves Silva, Chichico, disse que é um prazer esta ao lado de Zuenir Ventura. “Trouxemos o grande escritor na principal universidade de Contagem e ainda queremos numa outra oportunidade levá-lo a comunidade dos Arturos”, ressaltou.

Zuenir Ventura

O escritor agradeceu a presença de todos e disse que o Projeto Tim Estado de Minas – Grandes Escritores tem lhe dado a oportunidade de estar em cidades que não teria condições de conhecer sozinho.
 
“Quero fazer uma crítica a nós jornalistas que importamos com a corrupção dos políticos de Brasília e nos esquecemos dos brasileiros do interior do país. O meu livro mais recente “Minhas Estórias dos Outros” relatam 50 anos de jornalismo com centenas de personagens. Com esse livro eu pude perceber a quantidade de pessoas interessantes que conheci”.

“Fiz muitas amizades e digo que a amizade é melhor que o amor, porque a amizade não exige exclusividade. Os meus melhores momentos no jornalismo foram os encontros onde fiz vários amigos. Alem de jornalista, fui professor por 40 anos e digo que sou jornalista por acaso. Fui convidado para escrever um artigo e me tornei editor”.
 
Zuenir disse que foi morar na França em 1960 e paralelamente aos estudos, trabalha como correspondente da “Tribuna” na capital francesa. Faz uma reportagem curiosa para a revista “Senhor” sobre a moda dos umbigos de fora em Saint-Tropez e, para o jornal cobre a passagem de Jango por Paris antes de vir assumir o poder, a Conferência de Paz para a Argélia, em Évian, O encontro de cúpula entre Kennedy e Kruschev, em Viena.

Em 1968 acompanha em Paris a mobilização dos estudantes. Por ser tido como articulador da imprensa do Rio para o Partido Comunista foi preso após o AI-5 e passa três meses entre o Sops, o Dops, o quartel da PM Caetano de Faria e o do Exército em Harmonia. Em1969, Zuenir produz para a Editora Abril a série de 12 reportagens “Os anos 60 - A década que mudou tudo”, mais tarde lançada em livro.

Zuenir relatou quando conseguiu fotografar a casinha da Jaqueline Kennedy no momento que ele saia do carro. “Pensei que seria um furo de reportagem, mas na época não consegui sequer publicá-la porque esse tipo de foto não tinha espaço”.

“Em 1968 foram 12 meses que aconteceram muitas coisas no Brasil e no mundo. Por isso, em 1998 fiquei afastado do jornalismo e escrevi o livro “1968 - O ano que não terminou”. Logo depois da morte de Chico Mendes, fiz uma viagem ao Acre para conhecer o grande herói que tivemos que matá-lo para depois conhecê-lo. O mesmo Chico Mendes já era conhecido e premiado nos Estados Unidos”.

“No Rio de Janeiro - um dia depois da chacina de Vigário geral - fui visitar a favela porque escrevia sobre a violência no Rio. Cheguei à comunidade com um ar preconceituoso próprio de quem nunca havia visitado uma favela e lá encontrei pessoas ótimas, ao contrário do que eu pensava encontrar, pessoas rancorosas e magoadas”.

“A tarefa do jornalista é apurar e relatar. Não cabe a ele julgar. O jornalismo investigativo passou a apurar partindo do pressuposto de que há uma vítima e um culpado, isso é, passou a julgar e condenar. O jornalismo tem um papel social e deve mostrar o que esta acontecendo sem julgar e condenar ninguém”.

“Outra crítica que faço ao jornalismo da atualidade é a arrogância das informações e a invasão de privacidade. A quem pense que notícia boa é notícia ruim, mas não é verdade. Mas por outro lado, não podemos tornar a imprensa cor-de-rosa como se o país fosse as mil maravilhas. Mas mesmo assim, não devemos nos pautar somente nas informações ruins de Brasília”.
 
“Utopia é sonho e a gente não vive sem sonhos. Muitos legados de 1968 foram corrompidos ao longo do tempo, como a ética. Segundo o ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, 1968 teve dois lados, um bom e outro ruim. A questão das drogas, que era vista como instrumento de criatividade e hoje é instrumento de morte. Antigamente os ladrões eram vistos como heróis e isso não é verdade”, disse. 

“A tecnologia é importante, mas o Google deve ser o ponto de partida e não a única fonte de informação. Eu gosto mais de ler do que de escrever e quando termino de escrever um livro tenho a sensação de gerar um filho”.

“Não gosto de concentração de poder, como acontece com as empresas de comunicações. Sou a favor da pluralidade das informações e o ideal seria que tivéssemos uma TV de direita, uma de centro e outra de esquerda para podermos saber todos os lados dos fatos”. 

Zuenir finalizou contando sobre como surgiu sua famosa crônica do idoso. “Estava eu na fila para renovar a minha carteira de motorista e alguém disse para abrir caminho para o idoso. Olhei para todos os lados e descobri que o idoso era eu. A lição que desejo deixar é da de que o jornalismo deve ser humilde e não arrogante”.
Zuenir Ventura doou alguns exemplares para a Biblioteca Pública de Contagem e deu autógrafos para os leitores após o bate-papo com o público presente.

Biografia:

Bacharel é licenciado em Letras Neolatinas Zuenir Ventura é jornalista, ex-professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Escola Superior de Desenho Industrial, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; É colunista do jornal O Globo e do site Nominimo. Em 1956, ingressou no jornalismo como arquivista e em 1960/61 conquistou uma bolsa de estudos para o Centro de Formação dos Jornalistas de Paris. De 1963 a 1969, exerceu vários cargos em diversos veículos: o de Editor internacional do Correio da Manhã, Diretor de Redação da revista Fatos & Fotos, Chefe de Reportagem da revista O Cruzeiro, Editor-chefe da sucursal-Rio da revista Visão-Rio.

No final de 69, realizou para a Editora Abril uma série de 12 reportagens sobre Os anos 60 - a década que mudou tudo, posteriormente publicada em livro. Em 85, foi convidado a reformular a revista Domingo, do Jornal do Brasil, onde ocupou depois outras funções de chefia. Em 1988, Zuenir lançou o livro 1968 - o ano que não terminou, cujas 39 edições já venderam mais de 200 mil exemplares. O livro serviu também de inspiração para a minissérie “Os anos rebeldes”, produzida pela TV - Globo.

O capítulo “Um herói solitário” inspirou o filme “O homem que disse não”, que o cineasta Olivier Horn realizou para a televisão francesa. Em 1989, publicou no Jornal do Brasil a série de reportagens denominadas “O Acre de Chico Mendes”, que lhe valeu o Prêmio Esso de Jornalismo e o Prêmio Vladimir Herzog. Lançou “Cidade partida” em 1994, um livro-reportagem sobre a violência no Rio, traduzido na Itália. Em fins de 1998, publicou “O Rio de J. Carlos e Inveja - Mal Secreto”, que já vendeu mais de 100 mil exemplares. Seu mais recente livro é “Minhas Estórias dos outros”.

 

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