Foto: Willian Augusto
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Ouvi de um político que a verdadeira crise que vivemos é a crise moral. Fiquei pensando e cheguei à conclusão que concordo com tal afirmação. Continuei pensando e percebi que a crise moral causa outra grave crise, a social. São duas crises que se fundem se tornando um problema de todos nós.
O mesmo político me disse que precisamos ajudar a evangelizar. Segundo ele, a crise moral é reflexo da falta de fé. Concordo em parte, porque, acredito que as pessoas precisam acreditar em algo e terem fé, faz bem pra a saúde, mas precisam também saber agir dentro da moral e dentro dos bons costumes característicos das sociedades do bem. Orar e vigiar, talvez fosse o caminho de darmos fim à crise moral.
Quanto à crise social, essa precisa da moral dos políticos e de políticos com moral, difícil nos dias de hoje. Continuam mentindo, prometendo, perseguindo, fraudando, se esquivando e agindo para o próprio benefício. A forma de fazer política no Brasil é há tanto tempo equivocada, que o gerúndio se aplica em praticamente todos os homens ditos “públicos”.
No mundo político, o público se confunde com o privado. Tem muita gente fazendo nas esferas públicas o mesmo que fazem na privada. Ocupam, desapropriam, constroem aeroportos, constroem mansões em áreas de proteção ambiental, avançam acima dos espelhos d’água dos mesmos rios, lagoas, represas e até em praias que deveriam ajudar a proteger. Invasão?
Em Contagem, atualmente, existem duas grande invasões, a Ocupação Willian Rosa e a Ocupação Padrão Fifa. São terrenos do governo federal, sob tutela da CeasaMinas, que foram ocupados por pessoas sem moradias. Homens, mulheres e crianças que vivem nesses acampamentos em condições sub-humanas, sem água, luz, saneamento básico, segurança, no meio do mato, como se fossem bichos.
Pergunto: Qual a diferença dessas ocupações com as ocupações ilegais ás margens da Represa Várzea das Flores? Respondo: Nas Ocupações Willian Rosa e Padrão Fifa a crise é social. Já nas ocupações feitas pelos poderosos, políticos e grandes empresários a crise é moral.
O fato é que nunca os poderosos serão surpreendidos pelo batalhão de choque da PM e nem serão atingidos por bombas de efeito moral e balas de borracha. Eles continuam fazendo no espaço público o que fazem na privada, literalmente.
Enquanto isso, os flagelados de Contagem, as famílias excluídas da sociedade que vivem no meio do mato enfrentando frio de 9 graus, enfrentam os perigos de não terem um teto para se abrigarem. Já os poderosos de Contagem, moram bem, tem vista para o espelho d’água e jogam os esgotos de suas mansões dentro da caixa d’água da população.
Absurdos disputam entre si e depois das bombas lançada nas Ocupações Willian Rosa e Padrão Fifa podemos dizer que Gaza pode ser em qualquer lugar. Os poderosos continuam usando força desproporcional contra os mais fracos. Tudo em nome do direito de ir e vir, sendo esquecido o direito a moradia, a educação, a saúde, a segurança, ao transporte. Esquecem-se do direito de viver dignamente.
“Não existe maneira certa de fazer a coisa errada” – João Guedes, vice-prefeito de Contagem.
Robson Rodrigues
Jornalista - Editor
