Lançamento do livro “Cantares da Paixão”
Foto: Divulgação/Site Rubens Jardim
Lecy Pereira Sousa
Quando eu estive na abertura do 10º Belô Poético, em julho, durante os registros que fazia para o projeto Pão e Poesia conheci, por meio do poeta Diovani Mendonça, o poeta Rubens Jardim e recebi dele o livro “Cantares da Paixão”. Trata-se de uma coletânea de poemas do próprio autor, publicado no Século XXI pela editora artepaubrasil.
A começar pela capa, a concepção é um apelo gráfico que remete ao tempo da máquina de escrever manualmente, mais precisamente da marca Lettera. A fita é de aparência gasta, por muitas laudas datilografadas. E no carro da máquina, o título do livro e o nome do autor aparecem datilografados numa página infinita (é bem essa a impressão).
Rubens Jardim é parte da história viva de jovens, moças e rapazes, que ousaram poetar no Brasil pré-generais (anos 60). Por incrível que pareça, foi um tempo de efervescência poética. O grupo, liderado pelo também poeta Lindof Bell, lotava espaços por onde passava e seus membros eram tratados como astros e estrelas do rock (não havia filmadoras de sobra para registrar aquilo). Eles criaram a Catequese Poética – um movimento do jovens entusiastas que realizavam festivais e leituras de poemas em várias cidades brasileiras.
“Cantares da Paixão” é, bem, uma espécie de dossiê poético (Rubens Jardim passou muito tempo sem publicar um novo livro). Sua poesia é feita de gravetos e das vastas emoções que compõem toda linguagem poética que conhecemos. Um livro que decanta a poesia de um poeta que traz os sabores, os saberes e as dores nas veias do seu tempo presente. A paixão estendida.
Trecho do poema, dedicado ao seu filho, que dá nome ao livro:
“Por isso te afirmo neste momento
em que completas os teus 15 anos:
sei que vale a pena viver
mesmo perdendo o bonde da história,
vale a pena viver
mesmo seguindo na conta-mão
da vida,
vale a pena viver
mesmo titubeando diante
de alternativas não escolhidas.
A vida é simplesmente um fato
maravilhoso fato
no diário construir
das nossas interpretações.”
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