Data de publicação: 05-05-2007 00:00:00

Pilares éticos

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE

Depois que todos os jornais, revistas e programas televisivos fizeram uma longa explanação sobre a queda de Palloci do posto mais alto da economia brasileira para a mira da polícia devido invariavelmente à sua conduta suscetível, chegou a nossa hora de explorarmos a ética, mas desta vez sobre o ponto de vista do mercado imobiliário.

Há quatro anos atrás uma das mais importantes revistas de nosso país divulgou uma pesquisa que mostrava quais os profissionais que os brasileiros menos confiavam. Em primeiro lugar veio o político e em segundo o corretor de imóveis. O dado serviu de alerta para o mercado imobiliário, e as entidades do setor intensificaram a promoção de cursos de especialização para qualificar os profissionais.


Hoje, corretor de imóveis não é mais aquele profissional que não consegue emprego e entra no setor imobiliário atrás de um “bico”. O profissional tem buscado seu reconhecimento e, além do curso técnico exigido para conseguir seu registro junto ao Creci, ainda encontra cursos de terceiro grau e até pós-graduação para se aprimorar na área.


Depois de tamanha busca para reverter a forma como era visto pela sociedade, o corretor vem se deparando com outra realidade: a total falta de ética de clientes e pretendentes às negociações imobiliárias. Tem gente que depois de conhecer o imóvel ideal por meio do trabalho do corretor tenta fechar o negócio diretamente com o proprietário na intenção de diminuir o valor da venda, uma vez que o dono do imóvel não precisaria mais pagar pela comissão.


Pura falta de conhecimento, pois o novo Código Civil reconhece que se o corretor de imóveis for o responsável por o cliente conhecer o imóvel é dele o direito pela comissão. Direitos à parte o que está em discussão é a total falta de ética dos clientes com os corretores. Há outros pretendentes que, mesmo sabendo que o mercado tem uma Tabela de Comissões e Serviços que estabelece o mínimo e o máximo que se pode cobrar de honorários por cada transação, tenta conseguir avaliação gratuita, desconto acima da tabela, serviços extras gratuitos, custo da administração inferior ao valor mínimo cobrado.

O que acontece no dia-a-dia das imobiliárias é a simplificação do que acontece hoje no país. A corrupção e a impunidade são capas dos jornais, porém elas infelizmente estão presentes nos meandros do nosso mercado. Aquele cidadão que reclama do seu governante pede informações e modelos contratuais na imobiliária na promessa de deixar o imóvel para vender ou alugar, mas seu objetivo é realizar o negócio sozinho. O indivíduo que cobra transparência dos políticos rouba semanas de trabalho do corretor, e ainda se apodera do investimento do profissional com telefone, gasolina e anúncios, para negociar diretamente com quem pretende comprar o imóvel.
O brasileiro que clama por seriedade “brinca” de comprar ou vender imóvel quando faz e assina propostas e depois não as mantém. A pessoa que reclama dos altos gastos do governo solicita ao corretor uma avaliação e depois de conhecer o valor de mercado do seu imóvel simplesmente se recusa a pagar pelo serviço do profissional.


Diante de tanta roubalheira e corrupção no Estado, o povo acha que as miudezas do dia-a-dia não têm problema, mas são elas o alicerce para este país infectado que abriga habitantes que buscam incessantemente obter vantagens sobre qualquer negociação.
Mas não são apenas os clientes que usam de falta de ética com os corretores. O contrário acontece e é responsável pela ainda depreciação da categoria.
Enquanto o valor da avaliação imobiliária chega a 1% do valor do imóvel, algumas empresas oferecem avaliação gratuita, logo a avaliação que é um dos serviços mais caros e importantes da empresa uma vez que demanda do profissional anos de experiência na área aliado à know-how e conhecimento.


Outras deixam imóveis parados, sem serem trabalhados, porque eles não estão dentro do perfil da carteira de imóveis da empresa. Bastava avisar isto ao proprietário para que ele sim optasse por deixar ou não o imóvel naquela imobiliária. Outras ainda não respeitam o Código de Ética profissional e usam de subterfúgios ilegais para angariar clientes e negócios.

A falta de ética do brasileiro vem de uma cultura de colonialismo, no qual o Estado precede a sociedade e trabalhou em benefício próprio e de seus membros, ao invés de ter advindo do povo e para este ter servido. O povo explorado sempre tentou burlar o Estado para se livrar desta exploração. Hoje ele critica e se revolta contra a cultura que também possui. Devemos nos conscientizar que temos dentro de nós um pedaço deste “Brasil” que tanto combatemos.
Uma vez detectado o problema poderemos começar uma transformação de dentro para fora, ao invés de esperamos pacificamente por uma transformação de fora para dentro, conforme os dizeres da célebre frase do economista inglês John Maynard Keynes: “A verdadeira dificuldade não está em aceitar idéias novas, mas escapar das antigas”.


O que acontece hoje na recepção de uma imobiliária ou mesmo dentro de um imóvel para comercialização ilustra perfeitamente a ética, ou melhor, a falta dela, no nosso atual cenário político.
Adriana Magalhães
Administradora

* Vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/MG) e diretora da Netimóveis Céu-Lar
e-mail: adriana@ceularimoveis.com.br

 

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