EDITORIAL - Existem mídias e mídias, isto é, nem tudo pode ser aproveitado. Exemplo disso é a grande exploração em torno da tragédia da criança jogada do sexto andar de um prédio em São Paulo poucos dias atrás.

Todas as emissoras de TV têm feito sensacionalismo (nome dado a um tipo de postura editorial adotada regular ou esporadicamente por determinados meios de comunicação), mas a emissora campeã de audiência perdeu a noção da ética e do bom gosto.

Nessa sexta-feira, 04.04, quando foi celebrada a missa de sétimo dia pela morte da garotinha morta em circunstâncias ainda não esclarecidas, uma novela do dito horário nobre exibiu cenas de uma madrasta tentando matar seu enteado. 

No mesmo capítulo, outras cenas chamaram a atenção pelo extremo mau gosto. Atores antigos beijando as novas atrizes, onde o beijo técnico não existiu em momento algum. Diretor que costuma fazer algumas pontas nas próprias novelas que dirige arranjou uma atriz super gata para beijar também. Quer dizer, usou a novela em beneficio próprio.

Na mesma trama, um bebê nasce e tem dois pais, um gay e um hetero, e uma mãe. Em uma cena de recordação, uma atriz revela o seu desejo de voltar a ser stripper de boate. A atriz foi mostrada com trajes extremamente sensuais. Cenas como essa fizeram a justiça obrigar a emissora a mudar o horário da trama, passando das 20 para as 21 horas.

Em outra parte da história, uma faculdade teve 50% das cotas herdadas por uma moça com problema fonoaudiológico, filha de um adultério. O mesmo núcleo aborda o assunto dos cartões coorporativos. A diretora da faculdade está sendo acusada de usar o cartão para comprar até tapioca. A pseudo-arte imita a realidade que envergonha a todos. 

A novela só mostra coisas ruins, dando mau exemplo aos malucos de plantão. Tem tudo nessa trama: adultério, traição, atentado ao pudor, fraude, desfalque, tentativa de assassinato, apologia ao homossexualismo, preconceitos diversos e de todos os níveis, e aí vai.

Por isso, cabe a nós, meros telespectadores, termos o senso crítico bem apurado para tirar as crianças da frente da TV, para que elas não assistam tais barbaridades que passam na emissora líder de audiência.

Foi a mesma TV que elegeu o Collor para presidente e depois manipulou os estudantes para irem às ruas pedir o impeachment do governante que confiscou o dinheiro da própria emissora.

Para eleger o Collor, interferiu na campanha presidencial, editando os debates prejudicando o Lula e favorecendo o seu candidato. Atualmente, vem manipulando a opinião pública e reportando as tragédias familiares, capazes de induzir novas tragédias.

Enfim, é necessário que todos tenham consciência e espírito crítico para saber o que é aproveitável nas páginas dos principais veículos de comunicação do mundo. Pois até dossiês roubados da Casa Civil da Presidência da República já estão sendo estampados nos jornais impressos na capital mais importante do país.

Esperamos que notícias boas, construtivas e educativas tenham maior espaço nas mídias. Pode parecer utopia, mas esperamos que as mídias deixem de tentar manipular as mentes das pessoas com notícias tendenciosas e apelativas.

O papel das mídias sérias deveria ser somente o de relatar fatos de forma imparcial e ética. Atualmente, os jornais só se pautam em notícias ruins e com isso as tragédias estão se tornando banais.

Se reportarmos suicídios, por exemplo, provavelmente induziremos as pessoas desequilibradas a fazerem o mesmo. É o que está acontecendo nos Estados Unidos. Quanto mais a mídia mostrar os atiradores que matam estudantes, mais os loucos serão encorajados a fazer o mesmo.

Dia 07 de Abril, Dia do Jornalista.

Desejamos bom senso aos profissionais e mais condições de trabalho. Esperamos que um dia os veículos de comunicação estejam nas mãos dos seus profissionais e não nas mãos de pessoas que os usam em benefício próprio.

Parabéns aos jornalistas que fazem a comunicação social e não a comunicação comercial.

Por: Robson Rodrigues