Data de publicação: 03-10-2014 00:00:00

Categorias Sociais: Classes Sociais, Racismo e Sexismo

Jornal Diário de Contagem On-Line

Ilustração: Divulgação

¹Wasney de Almeida Ferreira

Existem estratégias psicológicas e políticas para que as desigualdades de classe, o sexismo e o racismo sejam definitivamente abolidos do mundo? Essa resposta pode ser subsidiada pela compreensão da dinâmica das categorias sociais. Infelizmente, essas mazelas sociais não irão acabar tão cedo em nossa sociedade. Por falta de informação, as desigualdades, o sexismo e o racismo são ainda mais reforçados pelas pessoas. Vamos analisar o dinamismo das categorias sociais.

Toda sociedade dividida em classes sociais é uma sociedade classista. Se um indivíduo diz “sou da classe média”, isso estabelecerá a ocasião para outros dizerem “sou da classe baixa” ou “sou da classe alta”. A classificação de um indivíduo numa classe social perpassa pela afirmação da própria categoria e pela negação das demais. Por exemplo, se sou um elemento contido na categoria “classe média”, logo não estou contido nas demais “caixetas” sociais. As classes sociais (baixa, média e alta) existem apenas em termos dialéticos. O mesmo ocorre em relação ao gênero.

Toda sociedade dividida em gêneros é uma sociedade sexista. Se um indivíduo cria uma manifestação homossexual, isso estabelecerá a ocasião para discursos heterossexuais, transexuais, bissexuais etc. Se mulheres unem-se numa festa no “grupo das Luluzinhas”, isolando-se dos homens, elas estão sendo sexistas, por dividirem “nós” e “eles”. Portanto, o simples fato de afirmarmos que fazemos parte de uma categoria de gênero (heterossexual, homossexual, transexual etc.) é uma atitude sexista. O mesmo ocorre em relação à raça.

Toda sociedade dividida em raças é uma sociedade racista. Portanto, dizer “sou 100% negro”, “sou 100% branco” ou “100% ruivo” são atitudes igualmente racistas. A afirmação de uma categoria de raça perpassa pela supervalorização do grupo de pertença, pela redução de suas fraquezas e pela menos valia dos outsiders. Por exemplo, se afirmamos “somos brasileiros”, iremos supervalorizar nossa cultura, além de reduzirmos nossos pontos fracos. Ao mesmo tempo, muitas vezes inconscientemente, subvalorizaremos argentinos, paraguaios e bolivianos, reduzindo suas qualidades por serem outsiders.

Se quisermos realmente acabar com as desigualdades de classe, o sexismo e o racismo, precisamos interromper essas categorizações sociais. Para isso, é preciso transcender o “EU”, que classifica o mundo em direita ou esquerda, acima ou abaixo, afrente ou atrás, dentro ou fora. Assim, não veremos indivíduos de classes alta, média o baixa, homossexuais, transexuais ou heterossexuais, brancos, negros ou mulatos, mas seres humanos de uma mesma categoria.

¹Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

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