¹Wasney de Almeida Ferreira
O jovem de 23 anos que matou e decapitou pessoas em Mogi das Cruzes, São Paulo, é um serial killer ou um esquizofrênico? Esse diagnóstico diferencial é decisivo para o Direito Penal. Enquanto o serial killer é devidamente julgado, o esquizofrênico é imputável por ser louco. Os meios de comunicação têm divulgado recorrentemente crimes envolvendo doentes mentais.
O serial killer é um psicopata que mata em série. A psicopatia é um transtorno de personalidade. Portanto, não tem nada a ver com loucura! O psicopata não tem empatia, é frio e antissocial. Em outras palavras, ele é “daltônico” para as emoções e sentimentos alheios. Entretanto, o psicopata sabe o que está fazendo e tem consciência das ações e consequências. Em resumo, o psicopata desrespeita as regras sociais, mata e estupra porque deseja e quer.
Já a esquizofrenia é uma doença mental, uma psicose. O esquizofrênico tem alucinações e delírios. As alucinações são transtornos da sensopercepção. O doente vê, ouve e sente coisas que não existem. No caso do jovem, ele tinha alucinações auditivas: recebia ordens do diabo. Já os delírios são narrativas bizarras, histórias sem nexo, não raro absurdas. No caso do jovem, ele dizia ser inspirado pelo Estado Islâmico, fato semelhante ao de Realengo. Em resumo, o esquizofrênico em surto não tem muita consciência do que faz.
Crimes envolvendo esquizofrênicos, recorrentemente relatados na mídia, são consequências do descaso familiar e social. Quando não são diagnosticados e tratados, os esquizofrênicos podem se tornar perigosos. Sabe aquele seu “vizinho esquisito” que vive abandonado? Ele pode estar tramando alguma coisa ... Denuncie antes que seja tarde demais!
¹Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
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