Integrantes do Fórum Popular de Cultura de Contagem – FPC se reuniram na última quarta-feira (9), na Nova Faculdade para discutir o texto de Adebal de Andrade Júnior.
Adebal Júnior é doutorando em Antropologia Cultural, mestre em Ciências Sociais, e ex-consultor da UNESCO. O seu texto: “O curioso caso da política cultural de Contagem. Vamos conversar? Cultura (des) apropriada?, ele analisa e questiona a conjuntura cultural da cidade.
“A política cultural de Contagem parece ser uma, mas ela é outra, não é o que parecer ser. Prova disso foi à eleição dos novos membros do Conselho Municipal de Políticas Culturais para o mandato 2016/2018”, exemplifica.
Segundo Adebal, as regras contidas nos editais da Fundac – Fundação de Cultura de Contagem tem fins eleitoreiros em ano de eleições municipais.
A reunião
O grupo de artistas, músicos, produtores culturais, jornalista e o representante da Fundac, participaram do encontro. A forma como foi criada a Fundac e o próprio Conselho Curador, foi questionado. De acordo com os artistas, a Fundac é formada por poucos técnicos e muitos políticos.
Rafael Aquino, ex-funcionário da Fundac, afirma que existem muitas pessoas competentes no órgão. Mas mesmo assim, a forma como as políticas públicas para a cultura são conduzidas não inclui os artistas, nem os cidadãos. “Infelizmente o atual governo de coalizão trouxe políticos para áreas que exigem conhecimentos específicos”, explica.
Segundo o escritor, ator e produtor cultural, Jessé Baderna, a cultural está, infelizmente, ligada a política. “O momento que vivemos não serve para apontar o que a Fundac fez ou deixou de fazer. Precisamos exigir mais democracia dentro da cultura e o FPC precisa se organizar e participar para se fortalecer”, analisa.
O professor e músico, Tobias Baderna, ressalta que a Fundac é apenas uma ferramenta criada para fomentar a cultura local. “Não podemos culpar a Fundac por não promover a cultura com necessitamos. Cabe a nós criar as demandas e exigir dos gestores que atendam as nossas demandas culturais”, afirma.
Poder público
Daniel Marcio, diretor da Fundac, diz que concorda que falta comunicação dentro da Fundação de Cultura de Contagem e em outros setores da administração municipal. “Ainda não temos jornalistas na Fundac, mas conseguimos um site para divulgar as iniciativas. Queremos identificar os artistas independentes da cidade, mas é precisamos que eles se apresentem. Por isso coloco a Fundac à disposição para ser solicitada e cobrada pelos artistas”, esclarece.
Desconfiança
Diego Jakson, artista que já participou do Conselho Curador da Fundac, também reclama da falta de comunicação entre a fundação e os interessados pela arte. “Sinceramente é difícil conseguir informações da Fundac. A cultura em Contagem não acontece realmente e Aderbal Júnior foi até bonzinho ao analisar a não cultura na cidade”, reclama.
Toto como é conhecido, diz que a ideia da Fundac abrir as portas para uma possível parceria após três anos do atual governo e em ano de eleições, é difícil de acreditar.
Avanços
A professora e atriz, Daniela Graciere, sugere que os artistas sejam mais políticos e se comuniquem mais.Daniela ficou a cargo de listar os encaminhamentos resultantes do encontro. A aproximação do Conselho Curador, fiscal e patrimonial da Fundac, ficou decidida. O melhoramento da comunicação entre a classe artística e os gestores, e entre os próprios artistas, estará em pauta.
A mobilização também ficou acertada. No Dia Internacional do Teatro e do Circo, dia 27 de março, domingo, será realizado um ato em frente ao Cine Teatro de Contagem que está fechado há anos, depois de ser interditado pelos Bombeiros.