Data de publicação: 04-08-2021 18:19:00 - Última alteração: 04-08-2021 23:05:19

Movimentos apontam impactos socioambientais no projeto do Rodoanel

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Divino Advincula/Portal PBH

O projeto de construção do Rodoanel na Região Metropolitana de Belo Horizonte pretendido pelo Governo de Minas, deve usar de cerca de R$ 3,5 bilhões dos mais de R$ 37 bilhões, que fazem parte do acordo firmado entre o governador Zema (Novo) e a mineradora Vale, como forma de compensar os danos causados pelo rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho.

Segundo a administração estadual, o objetivo é desafogar o tráfego no Anel Rodoviário da capital, que conta com trânsito intenso de caminhões. Além de reduzir o número de acidentes graves no local.

No entanto, o projeto vem sendo criticado por ambientalistas e movimentos sociais devido aos possíveis impactos socioambientais ao longo dos 100 quilômetros de extensão da obra. Durante uma audiência da Comissão de Administração Pública, realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em meados do último mês, representantes de várias organizações se manifestaram contra o projeto, apelidado de “rodominério”.

A integrante da Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem da Mina do Córrego do Feijão, Andressa Rodrigues, que perdeu o filho na tragédia, afirmou que a obra favorece apenas as mineradoras, pois a intenção seria facilitar o escoamento de minério. “Esse projeto atende principalmente as mineradoras. Então, ele deveria ser financiado por elas e não com o dinheiro que, para nós, é do sangue de 272 joias”, disse, relembrando as vidas perdidas.

Impactos ambientais  

Os impactos ambientais também poderão ser sentidos na região. A professora Adriana Souza, integrante do SOS Vargem das Flores, destacou que o traçado do Rodoanel atinge áreas de preservação ambiental do reservatório localizado entre Contagem e Betim. Ela ressaltou ainda que haverá especulação imobiliária no entorno da obra. “A ocupação desordenada pode causar impermeabilização do solo e secar as mais de duas mil nascentes de Vargem das Flores, que hoje são centrais para o abastecimento de água na Grande BH”.

O presidente do Instituto Diadorim, Gustavo Gazzinelli, também mostrou preocupação quanto à especulação no local. Além disso, ele alertou para a tendência de que a vegetação seja suprimida ao longo do Rodoanel. “Queremos um traçado que respeite áreas de preservação, ou então, tudo vai virar área conurbada”, disse.

Desapropriações

Outra preocupação foi levantada pela representante do Fórum de Atingidos pelo Crime da Vale em Brumadinho, Fernanda Perdigão. Ela criticou a ausência da previsão de famílias desapropriadas pelo governo e intitulou a obra como “assustadora”. Segundo a ativista, não haverá benefícios para as comunidades atingidas pela tragédia, pelo contrário, a obra vai “destruir os poucos sítios agricultáveis da Região Metropolitana de Belo Horizonte”.

Várias outras entidades foram ouvidas durante a sessão, que também contou com a participação do subsecretário de Transportes e Mobilidade da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Gabriel Fajardo. O representante do governo argumentou que o projeto do Rodoanel ainda não está definido. Segundo ele, estudos econômicos, sociais e ambientais foram disponibilizados para consulta pública. As 650 contribuições recebidas estão sob avaliação.
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