Data de publicação: 08-10-2014 00:00:00

Até onde vai a paciência que poderia evitar tragédias?‏

Academia Equilíbrio Funcional

Foto: Divulgação/condominiodofuturo

¹José Aparecido Ribeiro

O direito ao sossego é fundamental para que as pessoas possam recuperar suas energias e viver em paz, com saúde e bem estar. Para algumas pessoas, o silêncio é essencial e o processo de descanso exige o mínimo possível de ruídos. Outros nem tanto, acostumam-se com o barulho e conseguem recuperar suas energias sem que o sono seja interrompido, mesmo que o nível de ruído seja acima do recomendável.

Na última semana presenciei em um bairro nobre da Zona Sul de BH, considerado um dos mais sossegados, um advogado e um médico saírem no tapa por causa do ruído incessante de um cachorro que priva toda a vizinhança do sono sagrado, latindo a qualquer hora do dia ou da noite, sem que seu donos se sintam incomodados.

Ao ser procurado pelo advogado para uma tentativa amigável de evitar demandas judiciais, o médico partiu para cima do primeiro aos murros dizendo que ele deveria mudar do bairro se está incomodado com o latido dos cachorros, pois ele mora no Vila Paris há mais de 30 anos e tem o direito de ter um cachorro barulhento para a sua segurança. O médico aposentado, por ser mais velho e morar há 30 anos no bairro, se acha no direito de ter um cão que não deixa ninguém dormir. Já o advogado, que mora no bairro há 12 anos, tentou uma conversa, esperando que o gesto de civilidade fosse suficiente e foi recebido aos socos e ponta pés. Parece conto do vigário, mas eu fui testemunha e ajudei a acalmar os ânimos. O bom senso deu lugar à insensatez e a falta de cidadania de um dos envolvidos que é insensível ao barulho do seu cão.

Neste mesmo bairro as reclamações por causa de latidos de cachorros são recorrentes em jornais da cidade. Com o discurso da falta de segurança, donos de cachorros que não registram mais os latidos de seus cães usam e abusam da paciência alheia transformando o tema em caso de saúde pública. Os cachorros latem por qualquer motivo e na maioria das vezes, inutilmente, sem que o ato esteja representando algum perigo para as residências onde eles vivem e “defendem”. Não há hora específica, eles incomodam a qualquer hora do dia ou da noite. Conversas já não surtem mais efeitos, foguetes que tentam chamar atenção nem tampouco. Por hora, o tema está na fase da tentativa de conscientização, em breve, não devemos nos assustar se uma tragédia ocorrer. Procurada, a Prefeitura de Belo Horizonte diz que o problema não é dela, a Polícia Militar idem, o Ministério Público menos ainda. No Juizado Criminal, os processos que exigem provas, costumam, na maioria das vezes, acabar em pizza.

¹Consultor em Assuntos Urbanos e morador do bairro Vila Paris há 15 anos

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