Fotos: Robson Rodrigues
Por Robson Rodrigues
Há mais de uma década a Casa de Cacos aguarda por uma restauração. Moradores e turistas ficam frustrados ao ver o mal estado de conservação da obra de arte construída pelo professor de geografia, Carlos Luiz de Almeida, entre os anos de 1963 a 1989.
Revestida artesanalmente de cacos de louça e vidros, a Casa de Cacos é a primeira e única no gênero no Brasil. Inclusive os móveis, utensílios e adereços de dentro da casa são revestidos de cacos.
A casa fica no número 132 da rua Ignes Glansman de Almeida, bairro Bernardo Monteiro, em Contagem, levou 25 anos para ser construída. O nome da rua foi uma homenagem à mãe do artista. Após o falecimento do artista, em 4 de dezembro de 1990 por infarto, a prefeitura comprou o imóvel, mas a casa foi interditada pela Defesa Civil por falta de segurança.
A Casa de Cacos ficou conhecida no mundo inteiro. Várias personalidades visitaram e cumprimentaram o artista pela obra sem igual. Chacrinha, o “Velho Guerreiro”, Juscelino Kubitschek, Dom Serafim e outras autoridades fizeram questão de ver a obra de perto.
Géssica Pereira Goudinho, vizinha da Casa de Cacos há cinco anos, disse que nunca teve a oportunidade de ver a casa do lado de dentro.
“Conviver com uma casa abandonada é difícil, mosquitos da dengue e escorpiões são os maiores problemas. As crianças são atraídas pelo encanto que a Casa de Cacos produz nas pessoas, mas ao brincarem no passeio, correm o risco de serem picadas pelos escorpiões que saem pelos buracos do muro”, relata a moradora que sonha em conhecer o interior da casa.
Margareth Vieira da Rocha, vizinha da casa há mais de 30 anos, disse que quando era criança brincou dentro da Casa de Cacos e conheceu o senhor Carlos.
“Tem muitos anos que a casa está abandonada. Depois que a prefeitura tomou posse da casa uma reforma foi prometida, mas até hoje nada. Há mais de 15 anos a casa está fechada e atualmente estamos correndo o risco com os escorpiões que saem da mata do Clube Arvoredo e encontram moradia na Casa de Cacos”, explica.
A moradora conta que muitos turistas ainda procuram a casa e perguntam o porquê do fechamento e vão embora decepcionados com o descaso. A obra é um patrimônio da cidade, corre o risco de cair e de ser esquecida.
Falecido aos 73 anos, em 1990, Carlos Luiz de Almeida também não gostaria de ver sua obra fechada acumulando lixo. Segundo os moradores, o artista morreu preocupado com o destino que seria dado a sua obra.
RESTAURAÇÃO
O Coordenador de Cultura do município, Adebal de Andrade Júnior explica que em 2011 um estudo foi feito para a reforma. “A falta de profissionais qualificados para esse tipo de trabalho impede o restauro. É difícil encontrar no mercado arquitetos e engenheiros com especialização em restauração. A mão de obra é cara e não tem muita disponibilidade de tempo,” justifica.