Data de publicação: 31-03-2023 18:09:00 - Última alteração: 31-03-2023 18:16:56

Moradores de Contagem, protestam contra a construção do Rodoanel Metropolitano

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Divulgação

Com o apoio do SOS Vargem das Flores e outros movimentos sociais, moradores do bairro Nascentes Imperiais, em Contagem, protestaram na manhã desta sexta-feira (31), na Via Expressa, contra a construção do Rodoanel Metropolitano, que, segundo eles, vai soterrar nascentes e afetar a Bacia de Vargem das Flores.

Os manifestantes fizeram um protesto pacífico, aproveitando somente o sinal vermelho da via para conscientizar motoristas e passageiros que passavam pelo trecho do bairro Tropical. Todos eram informados sobre os malefícios que a obra pode causar em todas as cidades que serão cortadas pelo projeto do governo de Minas apelidado de “Rodominério”.

De acordo com ambientalistas e especialistas em mobilidade, a construção do Rodoanel em nada vai contribuir com a mobilidade urbana da região metropolitana de Belo Horizonte.

“Essa obra cujo o governador Zema assinou hoje o contrato com uma empresa italiana, vai impactar a vida de muita gente, a maioria são pobres que lutam por melhores condições de moradia. Muitas famílias serão desapropriadas e os demais moradores do bairro Nascentes Imperiais e região, vão sofrer com os impactos negativos que serão causados. Será uma grande rodovia cortando o território e trazendo mais adensamento populacional e ainda mais pobreza, principalmente às margens da via”, alertou Neides Abreu do movimento SOS Vargem das Flores.

De acordo com os manifestantes, o governador Zema não respeitou as comunidades tradicionais que serão prejudicadas pelo traçado do Rodoanel que não foi sugerido, mas imposto arbitrariamente pelo governo Estadual.


Impactos

O diagnóstico feito pela Seinfra, conta que somente 50 residências da comunidade do Nascentes Imperiais seriam atingidas. Mas de acordo com o diagnóstico feito com a ajuda da UFMG, mostrou que cerca de 400 casas e cerca de duas mil pessoas serão diretamente atingidas pela obra.

Além das famílias que serão atingidas, a obra pode trazer de volta o fantasma da insegurança hídrica para toda região metropolitana. 

A construção do Rodoanel com o traçado imposto pelo governo de Minas, poderá afetar diretamente a represa de Vargem das Flores, já que o bairro Nascentes Imperiais, cujo o próprio nome deixa claro que o bairro possui várias nascentes, que fazem parte da bacia que abastece a represa. Isto é, trata-se de uma de uma bacia de recarga, dentro da Área de Proteção Ambiental - APA Vargem das Flores.


Descontentamento de prefeitos

Os prefeitos de Betim e Contagem têm criticado a obra do Rodoanel Metropolitano enfatizando os impactos sociais e ambientais que o projeto vai causar nas cidades. Um outro traçado foi proposto, mas o governo estadual ainda considerou as alterações no projeto.

A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), disse que a cidade já é cortada pelas BRs 381, 040 e pela Via Expressa que liga BH a Betim, e que não vai permitir que o Rodoanel passe pelo município, principalmente próximo a represa Vargem das Flores.

Marília Campos e Vittorio Medioli, prefeito de Betim, já afirmaram que não pretendem conceder o licenciamento ambiental para a execução da obra, caso o traçado não seja revisto pelo governo Estadual. 


Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG

Assinatura do contrato

O governador Romeu Zema e o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Bruno, assinaram também na manhã desta sexta-feira (31), na Cidade Administrativa, o contrato de concessão do Rodoanel da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com a empresa italiana INC S.P.A., vencedora da licitação. 

Até então, a empresa italiana vencedora do leilão do Rodoanel, em agosto de 2022, será a responsável pela construção e pela gestão da nova via pelos próximos 30 anos. 

O governador afirmou mais uma vez que a obra vai transformar a região metropolitana da capital e facilitar o transporte local. Zema lembrou também o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, e justificou. 

“Quero salientar que tudo que estamos fazendo hoje, celebrando, teve o início no dia 25 de janeiro de 2019, com a tragédia de Brumadinho, que custou 272 vidas. Eu assumi o compromisso pessoal com a cidade e com os familiares das vítimas. Todas as obras que terão recursos da tragédia, os familiares serão convidados e placas com os nomes das vítimas serão colocadas. Isso para ficar muito claro que aquelas vidas se foram, mas muitas serão salvas com essas obras”, afirmou Zema. 

Zema ainda salientou que os recursos do acordo de reparação também estão propiciando a conclusão de seis hospitais regionais que também vão salvar vidas. “É satisfatório e até emocionante saber que estamos fazendo o sofrimento se transformar em benfeitorias para os 21 milhões de mineiros”, justificou. 

Empreiteiro

O CEO da INC S.P.A, Cláudio Dogliani, disse que a empresa não se sente uma estrangeira, mas uma empresa ítalo-brasileira por causa da boa relação entre mineiros e italianos nas últimas décadas 

“Os laços entre Itália e Brasil sempre foram muito fortes. Cada longa viagem começa com o primeiro passo e hoje começa a construção do rodoanel de BH", disse Dogliani.

Cronograma da obra

Segundo o atual secretário de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Bruno Barros de Souza, a assinatura do contrato é o passo inicial de uma maratona que vai durar cinco anos, até a conclusão das obras em 2028. 

“São 100 quilômetros de extensão. Na primeira fase, as alças Norte e Oeste serão concluídas nos primeiros 5 anos contados a partir de agora, representando 70% desta extensão. São R$ 5 bilhões de investimentos, sendo R$ 3 bilhões do acordo de Brumadinho e R$ 2 bilhões do investidor privado”, explicou o secretário. 

Participação popular

O governo estadual insiste em dizer que foi um processo amplo de escuta, com oito audiências públicas, mais de 600 contribuições formais, centenas de reuniões técnicas e mais de 10 propostas de traçado estudadas.

Mas na realidade, as audiências foram realizadas durante a pandemia, sem a ampla participação popular. Pelo menos duas audiências públicas foram canceladas por falta de estrutura, defeito no som e falta de microfones. Houve também problemas de conexão de internet com interrupções das transmissões ao vivo ou transmissões sem áudio.

Audiências públicas também aconteceram na Cidade Administrativas e na sede do Departamento de Estradas de Rodagem - DER, locais distantes das comunidades que serão afetadas pela obra.


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